COP30 gera polêmica por uso de diesel na Amazônia

Evento que discute energia limpa recorre a combustível fóssil e levanta críticas de especialistas

A COP30, que prometia ser um marco da “energia limpa”, enfrenta críticas por depender de 160 geradores movidos a diesel. O combustível utilizados contém apenas 10% de matéria renovável, gerando fumaça, cheiro constante de diesel e questionamentos sobre a sustentabilidade defendida pelo evento.

No media center, jornalistas de diversos veículos relataram poças de óleo misturadas com água e cheiro forte de diesel. Muitos geradores permanecem ligados continuamente, para alimentar ar-condicionado e equipamentos essenciais, sem que haja informações claras sobre consumo diário ou emissões de carbono na Amazônia.

Em nota à imprensa, a Secretaria Especial da COP explicou que o diesel 100% renovável previsto no edital (B100) não pôde ser usado por limitações logísticas e de compatibilidade com os equipamentos. O substituto, Diesel S10 coprocessado pela Petrobras, é composto majoritariamente de diesel mineral, com apenas 10% de conteúdo renovável.

Especialistas e entidades do setor de biocombustíveis contestam a classificação do produto como sustentável. Ao jornal Gazeta do Povo, Carlos Eduardo Hammerschmidt, vice-presidente do Grupo Potencial e membro da União Brasileira do Biodiesel e Bioquerosene, destacou que o combustível equivale a diesel comum, pois 95% de sua composição é fóssil.

Parlamentares também criticaram a escolha da Petrobras. A Frente Parlamentar Mista do Biodiesel divulgou nota de repúdio. Já para o vereador Rubinho Nunes (União Brasil-SP), o episódio evidencia contradição entre discurso ambiental e práticas adotadas: “Prometeram combustível 100% renovável, entregaram fumaça, vazamento e hipocrisia.”

Discurso versus prática na COP30

O contraste entre discurso e ação não se limita aos geradores. Durante a COP30, o presidente Lula defendeu o fim dos combustíveis fósseis. No entanto, há menos de um mês, o governo autorizou nova exploração de petróleo na Foz do Amazonas, decisão criticada por líderes indígenas e especialistas.

Até aliados do presidente expressaram críticas. O cacique Raoni, uma das principais lideranças indígenas do país e amigo de Lula, afirmou: “Eu vou marcar um encontro com ele e, se precisar, vou puxar a orelha dele para ele me ouvir”. A declaração reforça o descontentamento mesmo entre os que tradicionalmente apoiam o governo.

A dissonância entre palavras e atos chamou atenção internacional. Veículos como The New York Times destacaram a contradição do Brasil ao expandir a produção de petróleo enquanto promove uma conferência sobre mudanças climáticas.

Crédito Revista Oeste

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