Crise política na Turquia: Tribunal decreta prisão preventiva para prefeito de Istambul e oposição protesta

Um tribunal decretou neste domingo ordem de prisão preventiva para Ekrem Imamoglu, prefeito de Istambul e principal rival político do presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan. Imamoglu está sendo investigado por corrupção e por associação com o Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), declarado como organização terrorista pelo governo turco.

A ordem de prisão formal e prisão preventiva que o tribunal de Istambul decretou diz respeito, por enquanto, apenas às acusações de corrupção, já que a acusação de terrorismo ainda está pendente de avaliação.

Imamoglu foi detido na última quarta-feira e estava desde então sob custódia enquanto, do lado de fora, milhares de pessoas saíram às ruas das principais cidades de todo o país para denunciar que o prefeito de Istambul, como ele mesmo afirma, foi vítima de uma perseguição política orquestrada pelo presidente Erdogan, que negou qualquer tipo de manobra e defendeu a independência do Judiciário.

No que diz respeito às acusações de corrupção, um dos principais crimes que imputam ao prefeito é a criação de uma rede criminosa para manipular processos de licitação ilegais, algo que Imamoglu rejeitou em uma declaração feita na sexta-feira perante o tribunal, alegando que o cargo não o capacita nem lhe dá tempo para lidar com esse âmbito, e insistiu que é vítima de “assédio judicial” e de uma “intervenção política” devido ao seu sucesso à frente da Prefeitura, conforme relatado pelo jornal Hurriyet.

O prefeito também se defendeu perante o tribunal das acusações de colaboração com o PKK. Ele foi acusado de organizar uma “colaboração eleitoral” ilegal entre seu Partido Republicano (CHP) e o pró-curdo Partido para a Igualdade e a Democracia dos Povos (DEM), extremamente próximo ao PKK, nas eleições locais de março do ano passado.

A ordem de detenção formal contra Imamoglu coincide com as primárias presidenciais de seu partido CHP que estão sendo realizadas neste domingo e em cujas listas ele figura como candidato. Neste caso, Imamoglu enfrenta outro problema: na terça-feira, sua universidade, a Universidade de Istambul, revogou seu diploma citando supostas violações das regulamentações do Conselho de Educação Superior.

Esta decisão representa mais um revés adicional às aspirações políticas de Imamoglu, grande substituto geracional do CHP para as eleições presidenciais de 2028 porque, por lei, todos os candidatos devem possuir diplomas universitários.

Milhares protestam pelo sexto dia consecutivo

Milhares de simpatizantes da oposição se concentraram pelo sexto dia consecutivo na praça Saraçhane, no centro de Istambul, para protestar contra o encarceramento do líder opositor Ekrem Imamoglu, que entrou na prisão no domingo após ser acusado de corrupção, acusações que ele nega e atribui a um processo por motivos políticos. Imamoglu é o principal rival político do presidente turco, Recep Tayyip Erdogan.

O presidente do Partido Republicano do Povo (CHP) de Imamoglu, Özgür Özel, dirigiu-se à multidão reunida em frente à sede da Prefeitura de Istambul e conclamou a continuar com a mobilização. “Não podemos deixar esta praça para ninguém. Estamos onde devemos estar”, afirmou, segundo relatam meios de comunicação turcos.

A convocação teve um importante apoio apesar da proibição das autoridades, que declararam ilegal qualquer concentração e impuseram restrições à entrada em Istambul.

“Estamos fazendo história política mundial. Isto não é uma manifestação, mas um desafio ao fascismo. Se a cidadania decide quem vem e quem vai, há democracia, mas se a ascendência determina o futuro de um país, há monarquia. Se as pessoas decidem quem governa, mas outros decidem que deve sair, então é um golpe de Estado, é fascismo”, declarou.

Em sua intervenção, revelou também os resultados das eleições primárias do CHP realizadas no domingo: 15.497.957 votos no total em uma consulta na qual Imamoglu era o único candidato e, portanto, foi apresentada como um voto de protesto contra o presidente Erdogan. Este total inclui 1.653.887 votos de filiados ao CHP, enquanto o restante corresponde às denominadas “urnas da solidariedade” habilitadas para que qualquer cidadão pudesse expressar seu apoio a Imamoglu. “Saudações ao presidente Ekrem, que estará nos vendo agora mesmo. Presidente Ekrem, esta praça te saúda. Saúda o próximo presidente da Turquia”, declarou.

Crédito La Gaceta

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