Advogado aponta participação de autoridades brasileiras na falsificação de dados usados contra ex-assessor de Jair Bolsonaro
O advogado Jeffrey Chiquini, que assumiu recentemente a defesa de Filipe Martins, afirmou nesta terça-feira, 8, que as autoridades dos Estados Unidos já identificaram o autor da falsificação dos registros de entrada no país atribuídos ao ex-assessor de Jair Bolsonaro.
A suposta fraude serviu de base para acusar Martins de tentativa de fuga. Em entrevista à rádio AuriVerde, Chiquini classificou o caso como criminoso e disse que a manipulação do sistema imigratório norte-americano envolveu agentes públicos.
“Já se sabe quem foi o responsável pela inserção falsa no sistema americano”, disse o advogado. “É muito grave o que aconteceu, é criminoso. Tem agente público que deveria estar na cadeia pelo que fizeram contra o Filipe Martins.”
A condução da parte internacional permanece com o advogado Marcelo Almeida Santanna, que atuava antes da entrada de Chiquini. Em contrapartida, a defesa no Supremo Tribunal Federal (STF) passou ao novo advogado.
O STF investiga Martins por suposta participação em um plano de ruptura institucional depois da eleição de Luiz Inácio Lula da Silva. A Polícia Federal (PF) prendeu o ex-assessor em fevereiro de 2024, durante a Operação Tempus Veritatis. Os investigadores o acusam de integrar o chamado “núcleo 2”, responsável por fornecer suporte logístico ao plano.
A PF alega que Martins tentou fugir do Brasil no mesmo voo que levou Bolsonaro aos EUA, em 30 de dezembro de 2022. Segundo o inquérito, ele teria embarcado com o ex-presidente e tentado permanecer em solo norte-americano.
Filipe Martins nega fuga e destaca provas de inocência
No entanto, a acusação perdeu força depois da defesa apresentar provas de que o ex-assessor permaneceu no Brasil. A companhia aérea Latam confirmou que Martins embarcou de Brasília para Curitiba no dia 31 de dezembro daquele ano, o que contradiz a versão da PF.
A defesa também contestou os registros de imigração citados pela investigação, indicando possível fraude. Chiquini diz que falsificadores usaram um documento fraudado para inserir dados no sistema norte-americano.