(Clarens Siffroy/AFP via Getty Images)
Na segunda-feira, o Departamento de Estado divulgou que cerca de 1.000 americanos solicitaram assistência no Haiti através do preenchimento de um “formulário de atendimento em crise”, destacando o país como cenário de “uma das crises humanitárias mais críticas do mundo”.
Poucas horas depois que dezenas de americanos aterrissaram em Miami num voo de evacuação organizado pelo governo dos EUA, provenientes do Haiti — relatos alarmantes sobre gangues que assassinaram ao menos 12 pessoas nesta manhã em um subúrbio de Porto Príncipe, sequência de invasões e saques em residências de áreas privilegiadas da capital haitiana —, Vedant Patel, porta-voz do Departamento de Estado, fez declarações a respeito do incidente.
“É uma descrição precisa classificar esta situação como uma das crises humanitárias mais devastadoras do planeta”, afirmou Patel. “A contínua violência das gangues tem deteriorado a segurança no Haiti a um ponto insustentável, demandando nossa imediata atenção.”
“Estamos diante de uma situação em constante evolução, e o número de indivíduos que nos procuram por meio do formulário de admissão em situação de crise está próximo de atingir a marca de mil”, ele adicionou, referindo-se ao formulário disponível no site do Departamento de Estado.
“Estamos acompanhando a situação atentamente, analisando a demanda dos cidadãos americanos, avaliando as condições de segurança e explorando as possibilidades de transporte comercial, além de outras alternativas de deslocamento”, afirmou Patel, reiterando que “a segurança dos cidadãos americanos é nossa maior prioridade.”
O Departamento de Estado já havia informado que está ciente da situação de várias centenas de americanos atualmente impossibilitados de deixar o Haiti.
Patel explicou que as solicitações de assistência através do formulário são motivadas por “diversas razões”.
“Muitos, supomos, encontram-se na posição de querer deixar o país imediatamente.”
“Outros podem estar buscando principalmente atualizações e informações sobre as opções de saída disponíveis”, prosseguiu ele. “É complexo caracterizar toda essa população de maneira uniforme.”
Na manhã desta segunda-feira, 18, em Porto Príncipe, homens armados invadiram e saquearam residências nas comunidades de Laboule e Thomassin antes do amanhecer, obrigando os moradores a abandonar suas casas. Alguns deles chegaram a fazer apelos desesperados por auxílio policial em estações de rádio, conforme relatado pela Associated Press.
A mesma agência de notícias reportou que um de seus fotógrafos presenciou os corpos de pelo menos 12 homens espalhados pelas ruas do bairro adjacente de Pétionville, que posteriormente foram removidos por serviços de emergência.
“Abuso! Isso é um absurdo!” exclamou um cidadão haitiano, erguendo os braços ao se aproximar de um dos corpos. “Povo do Haiti! É hora de despertar!”
“Demos de cara com corpos espalhados pelas ruas de nossa comunidade em Pétionville quando acordamos esta manhã”, relatou Douce Titi, funcionário do gabinete do prefeito, também à AP.
Os ataques mais recentes intensificaram as preocupações de que a violência das gangues persistirá, mesmo após o anúncio do primeiro-ministro Ariel Henry, feito há quase uma semana, de que ele renunciaria à sua posição assim que fosse estabelecido um conselho presidencial de transição — uma exigência há muito solicitada pelas gangues.