Leonardo Siqueira (Novo) discute falhas na proteção à liberdade de cátedra
O deputado estadual Leonardo Siqueira (Novo-SP) apresentou nesta quarta-feira, 8, um requerimento de informação à Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação do Estado de São Paulo em que solicita esclarecimentos da Universidade Estadual Paulista (Unesp) sobre o episódio de agressão ao professor Gabriel Cepaluni, ocorrido no campus de Franca no dia 2 de setembro. O parlamentar quer saber que medidas a instituição adotou para apurar o caso, garantir a liberdade de cátedra e prevenir novos episódios de intimidação a docentes.
Segundo o documento protocolado na Assembleia Legislativa, Siqueira pede que a Secretaria informe quantos manifestantes participaram da ação que impediu o docente de realizar uma atividade acadêmica, quais providências disciplinares foram tomadas e se o professor recebeu apoio institucional, como assistência jurídica, psicológica ou de segurança. O deputado também indaga se a universidade reconhece falhas na proteção à liberdade de ensino e quais mecanismos são adotados para assegurar o exercício pleno dessa prerrogativa.
O requerimento afirma que o episódio “suscita uma reflexão profunda sobre os limites da convivência democrática” e destaca que “a tentativa de silenciar uma voz discordante por meio da intimidação é, em última instância, uma negação da própria democracia”.
Professor denuncia omissão da Unesp
A solicitação do deputado foi motivada pelo relato de Cepaluni, que leciona Relações Comerciais Internacionais e Análise de Política Externa. Imagens de câmeras de segurança registraram o momento em que ele foi cercado por um grupo de estudantes, acusado de “racismo, fascismo e assédio” e impedido de seguir com uma atividade acadêmica. Ao tentar filmar a confusão com o celular, o docente foi agredido com socos e empurrões. Ele relatou ainda ter sofrido danos materiais e não ter recebido auxílio imediato durante o tumulto.
De acordo com o docente, a segurança do campus não acionou a polícia e os funcionários não intervieram. Cepaluni conseguiu ir à delegacia apenas depois de insistir com um motorista da universidade. “Desde o início tentei dialogar, mas jamais imaginei que enfrentaria violência física dentro da universidade”, afirmou. Ele encaminhou laudos médicos e vídeos à direção e à reitoria, além de solicitar afastamento por acidente de trabalho.
Em nota, a Unesp informou ter aberto procedimentos legais e administrativos para apurar os fatos, além de citar políticas de combate à violência e ao assédio, como a campanha “Unesp Sem Assédio”, o programa “Acolhe Unesp” e a Comissão de Acolhimento às Pessoas Vítimas de Violência. A instituição reiterou seu “compromisso com a defesa dos direitos humanos, da liberdade acadêmica e do combate a toda forma de violência no âmbito da universidade”, mas não detalhou punições aos envolvidos.