Organizações denunciam as detenções arbitrárias: não há acusações contra os parentes
A ditadura de Nicolás Maduro mandou prender o ativista de direitos humanos Pedro Hernández e quatro integrantes de sua família no Estado de Yaracuy, no centro-oeste da Venezuela. A detenção imotivada gerou forte reação de partidos e organizações de direitos humanos. A oposição, liderada por María Corina Machado, denunciou publicamente as novas arbitrariedades do regime.
Pedro Hernández teria sido detido na terça-feira 16, por agentes da Polícia Nacional Bolivariana. No dia seguinte, seu pai, Pedro Hernández Serrano, sua esposa, Natalia Álvarez, seu irmão, Daniel Enrique Hernández, e seu primo e advogado José Hernández também foram presos quando buscavam informações no Comando Nacional de Combate ao Sequestro (Conas). Pedro e Natalia têm um bebê de 5 meses, segundo as organizações que denunciaram a prisão.
Segundo nota do Comitê de Direitos Humanos do Vente Venezuela — o Vamos Venezuela, partido de María Corina —, a mãe de Hernández permaneceu do lado de fora do local, no carro com a neta de 5 meses, e acabou ameaçada por agentes armados.
O partido denunciou que familiares foram detidos de forma arbitrária e pediu atenção internacional ao que chamou de uso do método Sippenhaft (punição a toda a família de investigados) contra inocentes.
O Vente Venezuela destacou: “Alertamos a comunidade internacional desta nova aplicação do método Sippenhaft contra cinco membros de uma família inocente, da qual se desconhecem o paradeiro e a integridade física”.
Organizações criticam prisões arbitrárias feita pela ditadura de Maduro
O Observatório Venezuelano de Prisões (OVP), que postou fotografias da família, afirmou que os acontecimentos violam a Constituição do país e ressaltou a gravidade de separar uma criança de seus pais. “Separar uma bebê de 5 meses de seus pais é uma crueldade injustificável e um reflexo do desprezo absoluto do regime pela dignidade humana.”
Contexto de perseguição a ativistas
Para a ONG Espacio Público, o caso de Hernández amplia o histórico recente de detenções e desaparecimentos forçados de ativistas depois das eleições presidenciais de julho de 2024, que foram denunciadas como fraudulentas.
Pedro Hernández, psicólogo formado pela Universidade Yacambú, é cofundador do Observatório de Direitos Humanos da instituição e dirige atualmente a ONG Campo, dedicada à defesa de agricultores e comunidades rurais. Ele já havia relatado outras perseguições, inclusive uma prisão em 2016 e ameaças em 2020.