Foto: Waldemir Barreto/Agência Senado
Representantes das universidades e institutos federais buscam “novas negociações” com o governo.
Representantes do governo e de sindicatos participaram nesta quarta-feira (5) de uma audiência pública, na Comissão de Educação do Senado, para debater sobre a greve dos técnicos em educação das universidades e institutos federais que já dura mais de 50 dias.
Apesar de algumas instituições federais já terem abandonado a greve, outras seguem firmes e relutantes com a negociação apresentada pelo governo federal. O Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes-SN) e o Sinasefe seguem exigindo novas rodadas de negociação com o Ministério da Gestão e Inovação (MGI) e o Ministério da Educação. Na última segunda (3), representantes dos dois sindicatos permaneceram por mais de 2 horas em uma sala do MGI até conseguirem uma nova reunião com o governo, que ocorrerá na próxima semana.
“Nos foi colocado que seria impossível ter uma data para negociação das demandas dos professores e dos técnicos. Se cedêssemos e não insistíssemos, se não colocássemos em prática os bons métodos que nossa classe construiu, sairíamos sem qualquer resposta. Esperamos que a nossa mobilização, seguindo nesse compasso, possa trazer ganhos materiais e políticos. Esperamos que possamos, no dia 14, colher bons frutos da nossa mobilização”, afirmou o presidente do ANDES-SN, Gustavo Seferian.
O último acordo apresentado pelo governo prevê o pagamento do aumento em duas parcelas: janeiro de 2025 (9%) e maio de 2026 (3,5%), além da reestruturação na progressão entre os diferentes níveis da carreira. No entanto, a proposta agradou apenas alguns sindicatos, enquanto que outros decidiram manter a greve até que o governo apresente um índice de reajuste para 2024.
Na avaliação do representante da Federação dos técnicos em instituições de ensino superior (FASUBRA), Daniel Lucas Soares Souza Farias, o governo precisa solucionar o “achatamento salarial” da categoria que, segundo ele, acontece há anos.
“É importante a gente entender que a nossa categoria passou ao longo dos últimos anos por uma política de empobrecimento. Hoje é a categoria que tem a pior remuneração no serviço público federal. Para vocês terem uma noção, hoje um servidor que entra no nível médio da carreira recebe menos do que dois salários mínimos. Isso não tem precedente no serviço público federal”, disse Faria na audiência do Senado.
O representante do Sinafe, Leewertton de Souza Marreiro, também critica a falta de reciprocidade entre a remuneração e o tamanho e a importância da categoria. Ele explicou que ela tem quase 95% dos seus profissionais com nível superior, mas que está sendo preterida em relação a outras carreiras.
“É uma categoria que não se pode deixar de lado. A categoria dos técnicos administrativos em educação é a maior categoria de servidores públicos do país. É uma categoria que sempre esteve do lado da democracia neste país. Mas hoje, infelizmente, não está tendo a atenção merecida e necessária por parte do governo federal”, informou.
Na audiência, a senadora Professora Dorinha Seabra (União-TO), expressou solidariedade ao movimento e destacou que a situação da carreira dos docentes é “bastante grave”. Por outro lado, demonstrou preocupação com os prejuízos que a paralisação poderá trazer para o semestre letivo.
“A greve da educação federal é bastante grave. Lá se vão quase dois meses de paralisação de mais de 50 universidades e institutos federais. O prejuízo maior fica na conta dos estudantes que, em muitos casos, as instituições ficam com dois, três calendários diferentes para serem cumpridos. Além do prejuízo para o estudante, instituições também tem seu funcionamento prejudicado”, informou a senadora pelas redes sociais.