‘Não conhecia esse seu lado tão vil’, disse o deputado a Rafael Ferri, que ganhou aval do STF para falar com o ex-presidente
O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) apontou o que considera oportunismo de Rafael Ferri, investidor e apresentador do podcast Café com Ferri, em relação à possibilidade de o ex-presidente Jair Bolsonaro conceder entrevista. “Não conhecia esse seu lado tão vil”, escreveu o parlamentar nesta quinta-feira, 2. “Parece já saber as respostas e deleita-se por ser agraciado pelo regime com a permissão para fazer o podcast.”
O comentário de Eduardo responde a uma publicação de Ferri feita logo depois de o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes autorizar o podcaster a entrevistar o ex-presidente — que ainda vai responder se tem ou não interesse em participar do programa. “Moraes autorizou a entrevista com presidente Bolsonaro”, escreveu Ferri, ao fazer referência a uma postagem sua do último sábado, 27.
Nessa publicação, Rafael Ferri dizia achar “que está na hora de o presidente Bolsonaro dar uma entrevista”. Segundo o investidor, a quantidade de pessoas que falam em nome do ex-mandatário “saiu absolutamente do controle”. Ele disse ainda que o público saberia “em breve” se “a verdadeira direita respeita o líder ou é torcida de internet”.
A esse comentário inicial de que Bolsonaro deveria conceder entrevista, muitos usuários responderam para assinalar o absurdo da sugestão. “Ele não pode nem ir na casa dele… Acorda!”, escreveu uma pessoa. “Está vivendo em Nárnia? Pede para o Xandão. Quem sabe ele libera”, disse outra.
Alexandre de Moraes, entretanto, realmente permitiu que Ferri convidasse Jair Bolsonaro para seu podcast. Grande parte dos aliados do ex-presidente respondeu à autorização com desconfiança — também devido ao passado de Ferri, que foi condenado, em novembro de 2016, por manipulação de ações no escândalo da Bolha do Alicate, que afetou todo o mercado financeiro do Brasil.
“Se meu pai topar participar disso, as pessoas verão, na verdade, um refém em cativeiro”, reagiu Eduardo Bolsonaro. “Pior ainda se for confirmado que JB estará censurado e não poderá falar sobre seu processo — ao que parece, apenas seus algozes, quero dizer, juízes podem falar fora dos autos.”
O deputado, entretanto, pediu a Ferri que, se realmente entrevistar Bolsonaro, repasse uma mensagem de sua família ao ex-presidente. “Ao menos leve o recado de que, mesmo aqui, a distância, eu, Heloísa, Geórgia e Jair Henrique o amamos e temos muita saudade e orgulho dele.” Eduardo não pode se comunicar com o pai, por determinação do STF.
Aliados de Bolsonaro repudiam postura de Rafael Ferri
Além de Eduardo, outros aliados de Jair Bolsonaro avaliam negativamente as falas do apresentador do Café com Ferri. “Buscando holofotes às custas de um Presidente perseguido, sequestrado, mal de saúde, mal de cabeça. Isso não se faz”, escreveu o advogado Fábio Wajngarten, ex-chefe da Secretaria de Comunicação Social do governo Bolsonaro.
O influenciador Cândido Neto, conhecido como Mafinha, escreveu que Ferri enterrou uma possível candidatura de Tarcísio de Freitas, à Presidência. A associação parte do entendimento de que o governador de São Paulo seria o candidato ideal do mercado financeiro.
“Sabe o que você deveria fazer? Doar dinheiro às famílias do 8 de janeiro. Visitar as mães, os avós, enxergar de perto o que essas pessoas estão enfrentando”, sugeriu Cândido Neto. Quase três anos depois do ocorrido em Brasília, mais de 140 pessoas ainda estão presas em decorrência da participação nas manifestações. “Talvez assim você parasse com essa insanidade de querer apenas enriquecer ainda mais com o ‘trade Tarcísio’.”