Foto – Jefferson Rudy/Agência Senado
O senador Eduardo Girão (Novo-CE), candidato à presidência do Senado, denunciou no um suposto “acordão indecente” que estaria sendo articulado para beneficiar o senador Davi Alcolumbre (União-AP). Segundo Girão, “as entranhas do Senado precisam vir à tona para curar essa podridão” e evitar que o Senado permaneça “subserviente ao Supremo Tribunal Federal (STF) e ao governo”. Ele destacou que sua candidatura, assim como as do Astronauta Marcos Pontes (PL-SP) e Marcos do Val (Podemos-ES), representa uma opção para os parlamentares que querem um Senado independente. Embora tenha elogiado o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e sua gestão, Girão disse não concordar com o apoio do Partido Liberal (PL) ao senador Davi Alcolumbre, favorito para voltar a presidir a Casa.
Girão criticou a gestão de Alcolumbre na presidência da Casa, ressaltando que “foi na gestão dele que a censura começou no Brasil”. Como exemplo, ele mencionou o caso da revista Crusoé, que foi censurada após divulgar um documento citando o ministro Dias Toffoli. Para Girão, a ascensão de Alcolumbre representa a continuidade da “escalada antidemocrática” e dos “abusos do STF”, o que, segundo ele, se tornou ainda mais evidente na última semana com a censura da revista de Luiz Ernesto Lacombe e sócios, a Timeline.
O senador do Novo também alertou para o impacto do voto secreto na eleição para a presidência do Senado. “Se for voto secreto, é voto no Davi Alcolumbre”, afirmou, defendendo que os senadores tenham “a coragem de mostrar publicamente” suas escolhas. Ele comparou a disputa a uma batalha bíblica: “Hoje, o Davi é o Golias, e para derrubar esse Golias, precisamos do voto aberto”.
Girão também acusou Alcolumbre de “não ser cumpridor de acordos”, relembrando que o senador do Amapá foi eleito pelo voto aberto em 2019, sob a promessa de acabar com a votação secreta no Senado. “Ele nunca moveu uma palha nesse sentido. Muito pelo contrário, hoje quem mostrar o voto pode até perder o mandato”, afirmou. O senador cearense disse que, caso vença a eleição, “não fará acordos” e permitirá que a presidência das comissões seja decidida democraticamente pelos senadores.
Sobre o apoio do PL a Alcolumbre, Girão explicou que o partido faz parte de um bloco que tem cargos em todas as comissões, o que favorece os “arranjos políticos”. No entanto, ele ressaltou que esse tipo de acordo “coloca interesses pessoais e partidários acima dos interesses nacionais”. Para ele, o Senado deveria se concentrar em “justificar o salário que recebe e cumprir seu papel de fiscalização do Supremo Tribunal Federal”.
O congressista também relembrou a postura “hostil” do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, em relação à Oposição. “Não entregou nenhuma comissão ao PL, mas mesmo assim conseguimos vitórias importantes”, disse, citando audiências com ministros do governo Lula e a convocação da opositora venezuelana María Corina Machado. Segundo ele, o Senado precisa “romper com esses arranjos políticos que sufocam a democracia e impedem uma fiscalização real do governo”.
A disputa pela presidência do Senado será decidida no próximo sábado (01), e Girão reconhece que sua vitória seria “um milagre”. No entanto, ele insiste que “é preciso acreditar, ter fé e esperança”, reforçando seu apelo pelo voto aberto. “Os senadores devem mostrar para quem estão governando: para o povo ou para o sistema”, concluiu.