Foto – Paulo Pinto
O rombo nas contas públicas e o endividamento público devem continuar subindo em 2025, segundo o Relatório de Política Monetária do Banco Central (BC), divulgado nesta quinta (27). E um cenário que interrompe a trajetória de melhoria fiscal e amplia os riscos no terceiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
No ano passado, o déficit primário do governo central, que abrange o governo federal e o INSS, foi de R$ 45,4 bilhões, sendo R$ 32 bilhões em recursos extraordinários. A alta na arrecadação impulsionou a melhora em relação a 2023. Para este ano, analistas preveem que a meta fiscal volte a ser cumprida, com projeção de déficit de R$ 75 bilhões, conforme o questionário pré-Copom do BC, uma das ferramentas utilizada para coletar as projeções e avaliações da economia junto ao mercado.
Apesar de um superávit de R$ 83,1 bilhões do governo central em janeiro, a situação fiscal do Brasil, no governo Lula, segue frágil. Não houve alterações estruturais significativas nos últimos três meses, e dos esafios persistem, segundo o BC. A previsão é de que o cenário atual continue nos próximos anos, reforçando preocupações com a sustentabilidade fiscal.
O endividamento público, que atingiu 75,3% do PIB (R$ 8,9 bilhões) em janeiro, deve crescer. A expectativa dos analistas é que só se estabilize em 2033, próximo a 90% do PIB. Pelo menos para os próximos três anos, o déficit primário deve permanecer.
Além do déficit, do endividamento crescente e da sustentabilidade da dívida, Há o mpacto das políticas econômicas, especialmente em cenários de maior inflação ou depreciação cambial persistente. Essa percepção negativa pode pressionar a inflação e agravar a situação fiscal, alerta o BC.
“A conjunção de políticas econômicas externa e interna que tenham impacto inflacionário maior que o esperado, por exemplo, através de uma taxa de câmbio persistentemente mais depreciada, também representa um risco fiscal. A deterioração da percepção dos agentes em relação às políticas fiscais pode levar a efeitos negativos na taxa de câmbio e nas expectativas de inflação, com pressões inflacionárias decorrentes que podem complicar ainda mais a situação fiscal”, destaca o relatório do BC.