Foto – Dolores Ochoa/AP
O Presidente do Equador Daniel Noboa anunciou na segunda-feira que seu país imporá uma tarifa de 27% sobre produtos mexicanos para garantir “tratamento justo” aos produtores equatorianos.
“Como demonstramos nesses dias, o Novo Equador sempre esteve aberto à integração comercial, mas não quando há abuso”, disse Noboa em um comunicado nas redes sociais.
“Ratificamos nossa posição de assinar um Acordo de Livre Comércio com o México. Mas, até que isso aconteça e se torne realidade, aplicaremos uma tarifa de 27% aos produtos que importamos, com o objetivo de promover nossa indústria e que haja tratamento justo aos nossos produtores”, continuou.
Noboa acompanhou o anúncio com um gráfico do déficit comercial não-petrolífero do Equador com o México. O presidente equatoriano fez o anúncio momentos após o México ceder aos termos do Presidente Donald Trump e concordar em enviar 10.000 tropas à sua fronteira norte para ajudar a interromper o fluxo de fentanil entrando na fronteira sul dos EUA, resultando em Trump suspender as tarifas previamente anunciadas de 25% ao México por um período de um mês.
De acordo com o veículo equatoriano Primicias, as importações mexicanas do Equador somaram US$ 573 milhões entre janeiro e novembro de 2024. As exportações equatorianas para o México somaram US$ 337 milhões durante o mesmo período. Algumas das importações mexicanas do Equador incluem bens de consumo como medicamentos e veículos, combustível, lubrificantes, bem como matérias-primas para os setores industrial e agrícola do Equador.
A Presidente mexicana de extrema-esquerda Claudia Sheinbaum minimizou o anúncio da tarifa de Noboa em declarações dadas durante uma entrevista coletiva na terça-feira. Sheinbaum afirmou que as importações equatorianas para o México representam apenas 0,4% do total do país.
“Ontem eu perguntei quanto nós importamos. É 0,4 [por cento], e com isso posso responder a você”, disse Sheinbaum aos repórteres. “Os camarões de Sinaloa são mais saborosos que os do Equador.”
O Equador, durante a administração do ex-presidente conservador Guillermo Lasso, manteve conversas com o México para firmar um Acordo de Livre Comércio. As negociações estavam supostamente “99% completas”, mas foram finalmente suspensas em dezembro de 2022. O ex-ministro do Comércio Exterior do Equador, Julio José Prado, explicou na época que as discussões de livre comércio foram encerradas devido à recusa do ex-presidente mexicano de extrema-esquerda Andrés Manuel López Obrador em incluir camarões e bananas equatorianos no acordo comercial.
Embora os países mantenham relações comerciais, o México cortou relações diplomáticas com o Equador em abril de 2024 após agentes da lei equatorianos invadirem a embaixada mexicana em Quito e prenderem o ex-vice-presidente equatoriano Jorge Glas. Glas foi condenado por suborno e corrupção em 2017 e permaneceu foragido da justiça equatoriana.
Glas foi libertado em 2022 por uma controversa decisão judicial emitida pelo Juiz Emerson Curipallo, que está atualmente detido como parte de uma investigação sobre alegações de recebimento de subornos em troca de decisões favoráveis para um traficante de drogas local e seus parentes. Glas buscou refúgio na embaixada mexicana em dezembro de 2023 e havia solicitado asilo político.
