Empresa de sócio de ministro da Secom recebeu R$ 12 mi de estatais em 2 anos

Produtora Macaco Gordo foi contratada para campanhas da Caixa e da Embratur; Sidônio Palmeira nega interferência

A produtora Macaco Gordo, pertencente ao empresário Francisco “Chico” Kertész, recebeu R$ 12 milhões em contratos de publicidade de duas estatais nos últimos dois anos. As empresas foram a Caixa Econômica Federal e a Agência Brasileira de Promoção Internacional do Turismo (Embratur). Kertész é sócio do ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social (Secom), Sidônio Palmeira, na agência Nordx.

Sidônio afirmou que não interferiu nas contratações e que se afastou da gestão das empresas ao assumir o cargo público. Segundo ele, “jamais” indicou fornecedores para campanhas federais.

Os contratos da produtora foram firmados por meio de agências de publicidade contratadas por licitação, que subcontratam produtoras sem necessidade de novo processo licitatório. As agências afirmam que a Macaco Gordo foi escolhida por oferecer o menor preço e atender aos requisitos técnicos.

Caixa pagou R$ 4,3 milhões à produtora em 2025

A Caixa intensificou os pagamentos à produtora em 2025, já sob gestão de Sidônio na Secom. Neste ano, a Macaco Gordo recebeu R$ 4,3 milhões, o maior valor entre as produtoras contratadas pela estatal. Segundo o banco, as contratações seguiram a legislação e as normas internas.

Os pagamentos são indiretos: a Caixa e a Embratur transferem recursos às agências licitadas, que subcontratam produtoras como a Macaco Gordo. A empresa produziu oito campanhas desde 2024 — seis para a Caixa e duas para a Embratur — conforme dados obtidos pelo Estadão via Lei de Acesso à Informação.

Documentos mostram que, em um dos contratos, a agência Calia dispensou a cotação de preços ao aditar um serviço adicional de R$ 687 mil em uma campanha da Caixa. A Calia alegou que o acréscimo tratava-se de complemento do contrato original.

No governo da Bahia, o Tribunal de Contas já havia apontado falta de transparência em contratações da produtora pela agência do sócio de Sidônio. O caso resultou em acordo judicial e adoção de controles mais rígidos.

A Macaco Gordo também produziu campanhas para a Caixa sobre a Quina de São João, Poupançudos, Mega da Virada e Minha Casa Minha Vida, além de peças da Embratur sobre afroturismo e realidade virtual.

Sócio nega interferência de ministro da Secom

Kertész afirmou que a Macaco Gordo atua há 15 anos no mercado. A escolha, segundo ele, foi porque a produtora ofereceu o menor preço nas concorrências. Disse ainda que as seleções ocorreram “a convite das agências publicitárias, sem contato com a Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República”.

Em nota, a Caixa reforçou que escolheu a produtora por cotação entre, no mínimo, três orçamentos e que “desde janeiro de 2023 trabalhou com 41 produtoras de vídeo”.

A Embratur declarou que os processos seguem chamada e sessões públicas, com entrega de propostas em envelopes lacrados, e negou qualquer interferência de Sidônio. As agências Binder e Calia também defenderam a regularidade das contratações.

Crédito Revista Oeste

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