Lincoln Gakiya, promotor de Justiça do MP-SP, disse que Antônio Vinicius Lopes Gritzbach alegou que podia custear sua própria segurança
O promotor de Justiça do MP-SP (Ministério Público de São Paulo) Lincoln Gakiya afirmou que o empresário morto no Aeroporto Internacional de São Paulo na 6ª feira (8.nov.2024), Antônio Vinicius Lopes Gritzbach, recusou-se a entrar no programa de proteção do órgão.
Gakiya afirmou que a recusa se deu porque o empresário queria manter seu estilo de vida. Segundo o promotor, ele alegou que podia custear os gastos com sua própria segurança. As declarações foram dadas nesta 2ª feira (11.nov) ao programa “Em Ponto”, da GloboNews
“O Ministério Público ofereceu a todo momento a inserção do Vinicius no programa de proteção de réu colaborador. Ele, na presença de seus advogados, se negou a ingressar nesse programa. Embora soubesse que corria risco, dizia que podia custear a própria segurança”, afirmou.
Caso optasse por participar do programa, o empresário teria que mudar de casa e se afastar de amigos e familiares.
Um vídeo publicado pelo g1 no sábado (8.nov) mostra um depoimento entre Gritzbach e promotores do MP-SP. Na conversa, o empresário pede mais proteção e afirma ser um “morto-vivo”, por ameaças feitas a ele pela organização criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital).
Gritzbach contratou 4 policiais militares por conta própria. No momento da morte, ele estava com agentes. A Secretaria de Segurança Pública de São Paulo diz que afastou os agentes e que os investigará.
DELAÇÃO COM O MP
Em março deste ano, o Ministério Público de São Paulo havia assinado um acordo de delação premiada com Gritzbach, que era considerado com “peça importante” nas investigações sobre o PCC.
Gritzbach havia prometido revelar “estrutura hierárquica, divisão de tarefas e modus operandi” do esquema de lavagem de dinheiro da facção, porém foi morto a tiros no Terminal 2 do aeroporto de Guarulhos.
O empresário se comprometeu também em contribuir nas investigações e “apresentar informações referentes à prática de atos de corrupção envolvendo delegados de polícia e policiais”, além de revelar bancos de dados e documentos da organização criminosa e ajudar na recuperação “total ou parcial do produto ou do proveito das infrações penais praticadas pela associação criminosa”.
O Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado do Ministério Público ofereceu, em troca da delação premiada, perdão judicial pelo crime de integrar uma organização criminosa e redução da pena por lavagem de dinheiro, com imposição de regime inicial aberto caso fosse condenado. O empresário teria ainda que pagar uma multa de R$ 15 milhões.