Erika Hilton (PSOL-SP) é questionada por políticos de oposição, que pedem investigação do Ministério Público sobre assessores

Políticos de oposição apresentaram nesta terça-feira, 24, representações contra a deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP) à procuradoria-geral da República (PGR). Os opositores querem que o órgão investigue a legalidade da contratação de dois maquiadores que trabalham para a deputada como assessores do seu gabinete. O caso foi revelado pela Coluna nesta segunda-feira (23).
Até o momento, dois colegas de Hilton na Câmara dos Deputados entraram com representações na PGR: Kim Kataguiri (União-SP) e Junio Amaral (PL-MG). Kim pediu ao Procurador-Geral, Paulo Gonet, que apure “possíveis atos de improbidade administrativa e de ilícitos penais decorrentes da utilização indevida de verba pública”.
“Tais profissionais divulgam amplamente nas redes sociais sua atividade como maquiadores da parlamentar, com publicações frequentes registrando sessões de maquiagem em eventos públicos e privados. A própria deputada declarou que ‘sempre que podem, me maquiam’, indicando que essa atividade estética configura a principal — ou única — função exercida”, escreveu Kataguiri na representação.
“O gabinete de um parlamentar não é camarim de celebridade. É inadmissível que dinheiro público, pago com o imposto de milhões de brasileiros, seja utilizado para pagar produção estética pessoal. Isso é desvio finalidade e afronta o princípio da moralidade administrativa’, disse Kataguiri à coluna.
Assim como Kataguiri, Junio Amaral menciona a reportagem da Coluna na representação à PGR.
“No dia 23 de junho de 2025, o meio de comunicação Metrópoles publicou matéria em que afirma e traz provas de que a Deputada Federal Erika Hilton (PSOL/SP) lota em seu gabinete parlamentar dois secretários parlamentares , desviando suas funções para atender a parlamentar como maquiadores, função totalmente irregular diante das atribuições de um secretário parlamentar (SP) na Câmara dos Deputados”, escreveu o parlamentar mineiro.
“Portanto, nos termos da Lei nº 8.429, de 2 de junho de 1992, temos a clara utilização dos recursos da verba de gabinete da deputada federal de maneira a causar prejuízo ao erário e benefícios pessoais para a parlamentar, atentando ainda contra os princípios da Administração Pública e contrariando flagrantemente as próprias normas internas da Câmara dos Deputados”, escreveu Junio Amaral.
Para além das representações, a congressista do PSOL foi criticada nas redes sociais até pelo governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo). “Enquanto o povo rala para pagar as contas, tem deputada bancando dois maquiadores com dinheiro público. Não dá mais para aceitar esse tipo de absurdo. Cargo público é missão, não camarim de luxo”, disse Zema em postagem no Instagram.
Erika Hilton: secretários assessoram em comissões e audiências
Após as críticas, a congressista do PSOL comentou o caso nas redes sociais. Segundo ela, não há contratação de maquiadores com verba de gabinete. “Isso é simplesmente uma invenção”.
“O que eu tenho são dois secretários parlamentares que, todos os dias, estão comigo e me assessoram em comissões e audiências, ajudam a fazer relatórios, preparam meus briefings, dialogam diretamente com a população e prestam um serviço incrível me acompanhando nas minhas agendas em São Paulo, em Brasília, nos interiores e no exterior”, escreveu ela.
“E sim, conheci eles como maquiadores, identifiquei outros talentos e os chamei para trabalhar comigo. Quando podem, fazem minha maquiagem e eu os credito por isso. Mas se não fizessem, continuariam sendo meus secretários parlamentares”, escreveu.
Representações na Conselho de ética
O deputado estadual de São Paulo Guto Zacarias (União Brasil) também formulou uma representação sobre o tema – no caso dele, a peça é direcionada ao Conselho de Ética da Câmara dos Deputados e pede a perda do mandato de Hilton. Para Zacarias – que é colega de Kim Kataguiri no Movimento Brasil Livre (MBL) – Hilton cometeu improbidade administrativa ao contratar assessores que tratam de assuntos particulares dela em horário de expediente.
Outros deputados de oposição, como Paulo Bilynskyj, também representaram contra a congressista do PSOL-SP no Conselho de Ética. “A manutenção desses agentes no cargo configura desvio de finalidade, em violação frontal aos princípios da administração pública consagrados no artigo 37 da Constituição Federal, bem como às normas internas desta Casa”, diz um trecho da representação.
Crédito Metrópoles