Ex-participantes do Hay Festival alegam que a líder da oposição da Venezuela apoia ‘fascistas’, em referência a Donald Trump
Pelo menos três escritores desistiram de participar do Hay Festival, em Cartagena, na Colômbia, em protesto contra a presença da venezuelana María Corina Machado na programação. Segundo o jornal The Guardian, os autores criticam o apoio da política à campanha de pressão de Donald Trump contra o regime de Nicolás Maduro.
A escritora colombiana Laura Restrepo afirmou, em carta, que María Corina é “apoiadora ativa da intervenção militar dos Estados Unidos na América Latina” e disse que não se deve dar espaço a posições que “minam a soberania” dos países da região. Para ela, a intervenção americana deve ser “rejeitada de forma categórica”.
O escritor colombiano Giuseppe Caputo também cancelou sua participação. Em rede social, afirmou que o festival convidou alguém que “dedicou um prêmio da paz ao fascista responsável por esses crimes”, em referência a Trump.
A terceira desistência foi da escritora e ativista dominicana Mikaelah Drullard, que disse que o convite valida as posições de María Corina e serve como “arma ideológica” para justificar intervenção e militarização dos Estados Unidos no Caribe.
Festival defende María Corina
Apesar dos protestos, a participação de María Corina Machado foi mantida. Ela fará uma conversa virtual com o jornalista Moisés Naím no dia 30 de janeiro. Sua equipe informou ao The Guardian que ela não comentará as desistências.
Em nota, o Hay Festival disse respeitar a decisão dos autores, mas defendeu o diálogo plural. O evento afirmou que não endossa as opiniões políticas de seus convidados e que preza pela “livre troca de ideias e a liberdade de expressão”.
Saída da Venezuela
Em entrevista recente, María Corina disse que contou com apoio de diversas pessoas e dos Estados Unidos para deixar a Venezuela e viajar a Oslo, onde recebeu o Prêmio Nobel da Paz. A oposicionista afirmou que pretende retornar ao país, apesar da ameaça de prisão pelo regime do ditador Nicolás Maduro.
Questionada sobre intervenção militar americana, ela disse que “a Venezuela já foi invadida”, citando a atuação de agentes da Rússia, do Irã, de grupos como Hezbollah e Hamas, além da guerrilha colombiana e de cartéis de drogas.
Segundo a vencedora do Nobel da Paz, o regime é sustentado por repressão e pelo crime organizado, e a oposição busca cortar esse apoio com ajuda da comunidade internacional.





