Esquerda reclama de censura da Meta derrubar perfis de militante autointitulado “radical comunista” e ex-candidato pelo PCB.
Nos últimos dias, personalidades influentes da esquerda brasileira, incluindo a ex-presidente do Partido dos Trabalhadores (PT) e ministra Gleisi Hoffmann, vêm apontando censura por parte da Meta, após a empresa ter derrubado as contas do militante e ex-candidato pelo Partido Comunista Brasileiro (PCB), Jones Manoel.
Na última quarta (6), sem aviso prévio, o conglomerado americano desativou as contas do Instagram e Facebook de Jones, que apontou “suspeita de motivações políticas”, sobretudo por sua visão crítica ao presidente americano, Donald Trump, “e o papel das ‘big techs’ na política brasileira”.
Jones, que se intitula como “comunicador de esquerda radical e comunista” afirmou que a Meta, ao suspender suas contas, “disse que eu não tinha como recorrer à própria Meta da decisão, inclusive [para] saber os motivos da decisão, deixando como único meio a via jurídica, de entrar na Justiça, para tentar reaver minhas redes sociais”.
Nesta sexta, suas contas, algumas das quais contabilizam mais de um milhão de seguidores foram reativadas e Jones apontou “recuo” por parte da Meta.
A Gazeta do Povo entrou em contato com a Meta mas até o momento, não obteve retorno.
Para Gleisi Hoffman, este caso é “mais um motivo para entender que o mundo digital não pode ser uma terra sem lei”. A ministra descreveu Jones como “um dos maiores comunicadores de esquerda do país” e questionou “quem é que está praticando censura?”.
Elias Jabbour, militante de esquerda e ex-assessor de Dilma, que já defendeu pena de morte para inimigos do socialismo, foi outro a se solidarizar com seu “camarada” Jones.
“Que a conta dele seja restabelecida imediatamente pelo grande papel que o Jones vem cumprindo no debate político brasileiro, nas redes sociais, ele é uma das figuras fundamentais no nosso campo. […] É uma sacanagem o que fizeram com ele, o que demonstra que as redes sociais não têm nada de neutro ou coisa do tipo. As redes sociais tem lado”, afirmou Jabbour.
Gleen Greenwald diz que alertou Jones, quando ele defendeu censura contra a direita
Glenn Greenwald, jornalista da Vaza Jato, saiu em defesa de Jones Manoel e apontou hipocrisia por parte da esquerda, por defender as ações do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.
“É impressionante ver a esquerda se levantar e gritar em protesto contra a ‘censura das Big Techs’ quando eles passam metade do tempo pelo menos exigindo que Moraes e as Big Tech censurem seus inimigos políticos”.
O jornalista diz que avisou a “Jones Manoel em 2021 que, se ele continuasse a apoiar a censura das Big Techs porque os alvos eram de direita, um dia esse regime de censura seria usado contra o lado dele”.
“Mas, como todos os apoiadores da censura, ele nunca imaginou que ela se voltaria contra ele”, completou Greenwald.