Outros quatro oficiais investigados por suposta tentativa de golpe também foram removidos da listagem.
O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente da República Jair Bolsonaro, foi retirado da lista de postulantes à promoção de coronel do Exército. Ele é investigado pela Polícia Federal (PF) por participação na suposta tentativa de golpe de Estado e por suposto envolvimento no caso das joias. A defesa do militar não se manifestou.
Além de Cid, outros quatro militares alvo na Operação Tempus Veritatis, que investiga a suposta tentativa de golpe, também foram retirados da lista. Os tenentes-coronéis Hélio Ferreira Lima, Guilherme Marques de Almeida, Sergio Ricardo Cavaliere de Medeiros e Ronald Ferreira de Araújo Júnior foram vetados pela Comissão de Promoção de Oficiais da Força Terrestre.
Pelo regulamento do Exército, as promoções de oficiais dos cargos de aspirante a tenente-coronel são automáticas, por tempo de serviço ou merecimento. Depois, um colegiado de 18 generais define quem avança ao posto de coronel, o último degrau do oficialato.
Questionado pelo Estadão sobre quais seriam os critérios levados em consideração para promover um militar, o Exército não respondeu.
As promoções ocorrem três vezes ao ano, nos meses de abril, agosto e dezembro. Cid e os demais militares vetados ainda têm duas janelas para concorrer à promoção: uma em dezembro e outra em abril de 2025. Porém, para voltarem à lista de candidatos, devem deixar de ser indiciados pela PF e devem ter restrições impostas pelo Supremo Tribunal Federal (STF) derrubadas.
Hélio Lima e Guilherme Almeida eram, até fevereiro, comandantes da 3ª Companhia de Forças Especiais, sediada em Manaus, e do 1º Batalhão de Operações Psicológicas, sediado em Goiânia, respectivamente. Eles foram exonerados de seus cargos pelo comandante do Exército, general Tomás Paiva.
Mauro Cid já havia sido preterido em abril
Mauro Cid já havia sido impedido de pleitear a promoção em abril. O colegiado da Comissão de Promoção de Oficiais entendeu que a prisão do militar violava um artigo da Lei de Promoções dos Oficiais das Forças Armadas.
O regulamento diz que militares presos de forma cautelar não podem constar em quadros de acesso enquanto a detenção não for revogada. A mesma justificativa foi utilizada para essa nova exclusão.
A segunda rodada de promoções alçou ao novo posto 124 militares formados na turma de 2000 da Academia Militar das Agulhas Negras (Aman).
Cid era um dos primeiros colocados da classificação geral entre todos da turma, e a expectativa era que o militar alcançasse o último posto do oficialato na primeira leva de promovidos. Mais da metade dos colegas do ex-ajudante já chegou à função.
Tenente-coronel fez acordo de delação premiada
O tenente-coronel Mauro Cid foi preso em maio do ano passado, durante a Operação Venire, da Polícia Federal, que investigou supostas fraudes em cartões de vacina da família de Cid e da de Bolsonaro.
Em setembro, ele foi solto depois de acordo de delação premiada. Cid voltou à prisão em março depois que áudios publicados pela revista Veja mostraram quando o militar declara que o inquérito da Polícia Federal sobre a tentativa de golpe de Estado era uma “narrativa pronta”.
Cid também disse que o ministro Alexandre de Moraes já teria a sentença dos investigados. Na ocasião, o advogado dele afirmou ao Estadão que o tenente-coronel “pisou na bola” ao criticar a investigação. Ele foi solto em maio e manteve a validade de sua delação premiada.
Uma resposta
É uma perseguição implacável!