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Falas de Lula ‘são muito pró-Maduro’, diz ex-embaixador da Venezuela

Foto - Shannon Stapleton

O ex-embaixador da Venezuela no Brasil Milos Alcalay manifestou preocupação com falas de Lula ‘muito pró-Maduro’

O diplomata Milos Alcalay, de 78 anos, ex-embaixador da Venezuela no Brasil (1997-2000), manifestou preocupação com declarações “muito pró-Maduro” do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em sua mais mais recente fala sobre as eleições no país vizinho.

“São declarações muito pró-Maduro”, afirmou o diplomata, referindo-se ao ditador Nicolás Maduro, proclamado pelo Conselho Nacional Eleitoral vencedor da eleição realizada no último domingo, 28.

O petista afirmou que foi um processo “tranquilo e normal”. A oposição demonstrou claros indícios de fraudes, vários países não reconheceram o processo, e a Organização dos Estados Americanos também afirmou que não é possível reconhecer o resultado.

“Como vai resolver essa briga? Apresenta a ata”, disse o presidente em entrevista  à TV Centro América, afiliada da TV Globo em Mato Grosso. “Se a ata tiver dúvida entre a oposição e a situação, a oposição entra com recurso. E vai esperar na Justiça tomar o processo e vai ter uma decisão que a gente tem que acatar. Estou convencido de que é um processo normal, tranquilo. O que precisa é que as pessoas que não concordem tenham o direito de se expressar, tenham o direito de provar que não concordam, e o governo tenha o direito de provar que está certo.”

Por isso mesmo, Milos Alcalay considerou as declarações de Lula preocupantes. “Nos preocupa muito o giro de Lula. Parece que Lula agora é o porta-voz de Celso Amorim, não o contrário. São declarações muito pró-[Nicolás] Maduro, que praticamente deixam para as calendas gregas o problema”, afirmou o ex-embaixador à Folha de S.Paulo.

Tribunais estão cooptados na Venezuela, explica diplomata

Ao contrário do que sugeriu Lula — que a Justiça da Venezuela resolva os questionamentos acerca da validade do pleito —, Alcalay lembrou que “os tribunais estão cooptados na Venezuela” pela ditadura de Maduro. “Aqui não há Justiça. Dizer isso é permitir Maduro, e não insistir que se contem os votos.”

O ex-embaixador afirmou que uma recente frase de Lula — quando disse que o perdedor deveria entregar o poder — teve repercussão positiva no país.

“Uma posição que teve uma incidência muito grande em outros setores da esquerda democrática na América Latina”, disse Alcalay. “Mas então Amorim vem e dá algumas declarações muito distintas das de Lula. São declarações decepcionantes. Parecia que estava em linha distinta de Lula. Agora, porém, entendemos que não.”

Declarações pró-Maduro de Lula podem ter impacto em negociações sobre crise na Venezuela

O ex-embaixador expressou preocupação sobre o impacto das falas pró-Maduro de Lula nas negociações com México e Colômbia para ajudar na crise venezuelana. Mais cedo, o chanceler colombiano pediu a divulgação das atas eleitorais.

Alcalay, que integra a comissão de política internacional da campanha opositora, é uma voz importante no tema das relações bilaterais devido à sua experiência como ex-embaixador no Brasil.

Ele havia elogiado anteriormente o papel equilibrado de Lula e criticado o “low profile absoluto” de Amorim em Caracas. No entanto, sua opinião mudou após as mais recentes declarações do presidente brasileiro.

Ainda assim, Alcalay destacou: “Lula ainda não reconheceu uma vitória de Maduro, e isso é bom. Mas Lula não é somente líder do PT, que diz reconhecer Maduro. Há um Brasil profundo que tem muita esperança na defesa do voto da Venezuela.”

Guaidó 2: oposição e governo paralelo

Alcalay afirmou que a oposição não planeja montar um governo paralelo. “Isso não é ‘Guaidó 2′”, disse ele, referindo-se ao cenário de 2019, quando Juan Guaidó se autoproclamou presidente interino, depois das denúncias de fraudes por Maduro nas eleições daquele ano.

“O que vemos nas ruas é reflexo de condições eleitorais fraudadas. Mas com as provas em mãos se pode contar voto por voto. O que hoje está em discussão não é um ‘Guaidó 2’, mas o respeito à decisão de 28 de julho”, disse ele à Folha.

“Guaidó entrou sendo presidente da Assembleia Nacional e com uma série de erros. No momento, o que há é exigir o cumprimento da Constituição e do respeito ao voto do povo”, afirmou Alcalay.

“A solução não é criar um gabinete à sombra, mas insistir na verdade: Edmundo González conseguiu maioria”, continuou. “Essa explosão social é algo que não se pode deter. O cidadão sabe que votou e que seu voto foi manipulado. É uma primavera venezuelana.”

Para Alcalay, a parceria entre Edmundo González e María Corina é um “binômio exitoso”. “Ele é um diplomata com mais de 40 anos de carreira, que liderou as negociações internacionais da oposição por muito tempo, inclusive com Guaidó. Ela, por sua vez, alguém com muita experiência política”, finalizou.

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