Familiares e aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro lideraram nesta terça-feira uma caminhada pacífica em Brasília pedindo anistia para homens e mulheres presos por participarem dos protestos de 8 de janeiro de 2023.
Os participantes pediram que o Congresso aprove uma anistia “ampla, geral e irrestrita” que, se sancionada, anularia a condenação de Jair Bolsonaro por suposta tentativa de golpe.
A manifestação ocorreu à tarde, na Esplanada dos Ministérios, onde ficam o Congresso Nacional, o Supremo Tribunal Federal (STF) e o Palácio do Planalto. Em 8 de janeiro de 2023, milhares de apoiadores de Bolsonaro invadiram os três prédios públicos, causando danos materiais e a obras históricas, embora sem vítimas fatais e com poucos feridos.
A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro e o senador Flávio Bolsonaro, filho do ex-presidente, participaram ao lado de aliados políticos e familiares dos condenados pelo STF. Segundo o portal Poder360, Michelle chorou durante o ato pacífico.
Alguns manifestantes usavam camisetas com a bandeira do Brasil e agitavam bandeiras dos Estados Unidos e de Israel. Outros carregavam cartazes em português e inglês pedindo a anulação das condenações de Jair Bolsonaro e dos envolvidos nos atos de 8 de janeiro.
“Vocês foram incríveis! Todo esse esforço entrará para a história como o momento em que verdadeiros patriotas saíram em defesa da democracia! A recuperação do Brasil já começou, e vocês são parte essencial disso”, escreveu o senador Bolsonaro nas redes sociais.
O STF sustenta que os protestos de 8 de janeiro fizeram parte de um suposto plano golpista liderado por Bolsonaro e aliados para reverter o resultado das eleições de 2022, vencidas por Luiz Inácio Lula da Silva. Na época, Bolsonaro estava nos Estados Unidos e não participou diretamente dos eventos.
Em setembro, o STF condenou Bolsonaro a 27 anos e 3 meses de prisão por seu suposto papel na tentativa de golpe. Até o momento, o tribunal não definiu em qual presídio ele cumprirá a pena. Desde agosto, o ex-presidente está em prisão domiciliar rigorosa, sob vigilância constante, por ordem do ministro Alexandre de Moraes.
Pelas condições impostas, Bolsonaro está proibido de fazer declarações públicas, usar telefones ou redes sociais.
O ex-presidente foi diagnosticado com carcinoma espinocelular, uma forma intermediária de câncer de pele, após exames detectarem a doença em duas das oito lesões removidas em setembro. Semanas depois, sofreu uma nova complicação de saúde, que exigiu atendimento emergencial de seu médico, Cláudio Birolini.
Segundo o STF, até 12 de agosto, havia 1.628 processos criminais abertos relacionados ao 8 de janeiro. Desses, 1.190 pessoas foram responsabilizadas por atos “antidemocráticos”, sendo 638 condenadas e 552 que firmaram acordos com o Ministério Público Federal por crimes de menor gravidade.
A caminhada pacífica ocorreu enquanto o Congresso discute incluir o projeto de lei de anistia na pauta legislativa da próxima semana.