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Os muitos problemas do Primeiro-Ministro canadense Justin Trudeau incluem acusações de sexismo, já que o autodeclarado “feminista orgulhoso” tentou transferir a culpa por seus fracassos políticos para sua ministra do comércio Chrystia Freeland, que renunciou ao seu Gabinete esta semana em vez de aceitar uma humilhante despromoção.
O líder do Partido Conservador Pierre Poilievre foi rápido em apontar a “hipocrisia” de Trudeau.
“Simplesmente culpar Chrystia Freeland e fazê-la assumir tudo. Que feminista”, zombou Poilievre em uma coletiva de imprensa na terça-feira.
“Na mesma semana em que Trudeau estava insultando os americanos por não elegerem uma presidente mulher, ele estava ocupado jogando sua própria vice-primeira-ministra mulher debaixo do ônibus para substituí-la por um homem. Você não pode inventar essas coisas”, disse ele.
Poilievre se referia à bizarra crítica de Trudeau em um gala de “representação de gênero” em Ottawa em 10 de dezembro, na qual o primeiro-ministro canadense repreendeu os eleitores americanos por darem uma derrota esmagadora à Vice-Presidente Kamala Harris. Harris é nominalmente mulher, embora seu partido não tenha mantido os serviços de um biólogo para certificar esse fato.
“Supostamente estaríamos em uma marcha constante, ainda que difícil, rumo ao progresso – e, no entanto, há algumas semanas, os Estados Unidos votaram pela segunda vez para não eleger sua primeira presidente mulher”, lamentou Trudeau em Ottawa, presumivelmente se referindo à vitória de Donald Trump sobre Hillary Clinton em 2016, que também é nominalmente mulher.
O Canadá teve exatamente uma primeira-ministra mulher e ela ocupou o cargo por apenas seis meses em 1993.
“Em todo lugar, os direitos das mulheres e o progresso das mulheres estão sob ataque, aberta e sutilmente. Quero que vocês saibam que eu sou, e sempre serei, um feminista orgulhoso. Vocês sempre terão um aliado em mim e em meu governo”, declarou Trudeau, uma semana antes de tentar fazer de sua vice-primeira-ministra mulher um bode expiatório e forçá-la a aceitar uma humilhante despromoção.
Freeland escreveu uma carta de renúncia contundente para Trudeau na qual criticou o primeiro-ministro por usar “truques políticos custosos” para se manter no poder enquanto sua popularidade declinava. Ela acusou Trudeau de adotar a abordagem errada para lidar com o presidente eleito dos EUA Donald Trump, que ameaçou impor tarifas contra importações canadenses a menos que o Canadá melhore sua segurança nas fronteiras.
Freeland não acusou Trudeau explicitamente de sexismo em sua carta de renúncia, mas a CBC News citou deputadas conservadoras que se juntaram a Poilievre para criticar o primeiro-ministro por sua hipocrisia:
A proeminente deputada Conservadora Michelle Rempel Garner questionou como qualquer mulher naquele partido poderia “defender aquele homem em vez de pedir eleições agora”, enquanto a Premier de Alberta Danielle Smith disse que Trudeau precisava começar a se provar se fosse continuar se declarando “um grande apoiador das mulheres.”
A deputada Melissa Lantsman se referiu a um “clube do bolinha” no comando.
“É hora de uma liderança credível na seriedade deste momento, não o feminismo falso deste primeiro-ministro farsante”, disse Lantsman, que representa os Conservadores no distrito de Thornhill.
A ex-deputada Liberal Celina Ceasar-Chavannes, que deixou o partido de Trudeau para se tornar independente em 2019, lembrou que Trudeau se tornou “hostil” com ela, e observou que Freeland era apenas a mais recente de uma série de mulheres que foram “jogadas debaixo do ônibus” após “desafiar alguém cujo nome é Trudeau.”
“Este é um momento de liderança para os canadenses onde precisamos dizer basta a um líder que decide que sempre que é desafiado em algo sobre o qual outra pessoa tem autoridade para falar, como economia, ele simplesmente vai descartá-las”, disse ela.
O National Post na terça-feira encontrou deputados Liberais se reunindo em torno de Freeland e questionando as proclamações de feminismo de Trudeau. Muitos deles observaram que Freeland é mais popular e respeitada no partido do que Trudeau no momento. Várias Liberais estavam desconfortáveis em discutir a briga Trudeau-Freeland.
Trudeau já estava enfrentando forte pressão de membros de seu próprio partido para renunciar, com pesquisas mostrando os Conservadores caminhando para uma vitória de 20 pontos na próxima eleição se o impopular primeiro-ministro permanecer no comando. A renúncia de Freeland colocou o governo Trudeau em modo de crise, com os líderes dos partidos aliados dizendo que não mais votariam para proteger Trudeau de votos de não-confiança.
Parece estar surgindo entre as feministas canadenses a percepção de que o plano de Trudeau para sobreviver à sua disputa com Freeland envolvia ela aceitar docilmente uma despromoção e concordar em sentar quieta nas futuras reuniões do Gabinete.
Poilievre não era fã de Freeland, culpando-a na terça-feira por ajudar Trudeau a “dobrar a dívida nacional” ao acumular “mais dívida do que todos os primeiros-ministros anteriores combinados”, mas ele achou revelador que até mesmo a ministra das finanças gastadora pensou que a última onda de gastos de Trudeau era demais.
“Quando estávamos nos aproximando da atualização do outono, ele pegou o volante completamente, jogou para a esquerda, quebrou a grade de proteção e caiu do penhasco. E então ele pensou que culparia Freeland antes de tudo”, disse Poilievre.
O líder conservador descartou a administração de Trudeau como um “ridículo show de palhaços caótico”, feito para parecer ainda menos sério pela hipocrisia feminista do primeiro-ministro. Como um número crescente de críticos, ele temia que Trudeau fosse muito leve para enfrentar o impetuoso Donald Trump.
“O Presidente Trump deixou claro que ele quer nossos empregos e nosso dinheiro. O show de palhaços caótico de Justin Trudeau só vai ajudá-lo a conseguir isso. Precisamos de um líder forte que negocie com espinha dorsal e cérebro”, disse ele.
