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Ministro anunciou pente-fino de benefícios sociais para cumprir regra fiscal
Eis a íntegra da matéria:
O corte de R$ 25,9 bilhões em despesas com benefícios sociais anunciado nesta quarta-feira (3) pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, após reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), é bem-vindo, mas insuficiente, avaliam economistas.
O anúncio sucedeu dias de turbulência nos mercados diante da desconfiança crescente dos agentes econômicos quanto ao compromisso do governo em cumprir as regras fiscais vigentes. Após dias de alta, o dólar registrou queda de 1,72% nesta quarta-feira (3), cotado a R$ 5,56. Na tarde desta quarta, Lula disse que responsabilidade fiscal é compromisso, não palavra.
“A primeira coisa que presidente determinou é: cumpra-se o arcabouço fiscal. Não há discussão a esse respeito”, disse Haddad em entrevista coletiva no Palácio do Planalto.
Em publicação no X, o economista-chefe da Warren Investimentos, Felipe Salto, disse que as declarações de Haddad são “muito positivas”. “Na direção correta da responsabilidade fiscal, com respaldo do presidente Lula, para que se realizem as medidas necessárias ao cumprimento do novo arcabouço fiscal.”
As contenções devem ser formalizadas no próximo dia 22 de julho, quando será divulgado o próximo relatório de avaliação do Orçamento deste ano.
O documento, a ser enviado ao Congresso, aponta a necessidade de fazer ou não tanto um bloqueio para o cumprimento do teto de despesas do arcabouço fiscal como um contingenciamento para não estourar a regra da meta.
Sérgio Vale, economista-chefe da consultoria MB Associados, disse que as medidas são necessárias, mas insuficientes. “O grosso do ajuste necessário terá que passar em algum momento por ajustes nos gastos de educação, saúde e previdência”, afirmou à Folha.
“Os cortes anunciados passam por revisão de benefício, que já era o permitido pelo presidente. Vai acalmar um pouco o mercado, mas não muito. Ajustes mais significativos com um novo regime fiscal terão que ser feitos a partir de 2027”, disse o economista.