O presidente sul-coreano, Yoon Suk-yeol, deverá enfrentar nos próximos dias uma forte pressão dos parlamentares após sua tentativa fracassada de instaurar uma lei marcial no país. A medida, que foi revogada após rápida reação da Assembleia Nacional, tinha sido anunciada por Yoon na noite de terça-feira (3) em Seul, onde já é quarta-feira (4), e visava combater, de acordo com o presidente, “atividades antinacionais” e proteger a ordem constitucional, com ênfase no combate a “forças pró-Coreia do Norte”. No entanto, segundo a mídia local, Yoon decidiu decretar a lei após desentendimentos com a oposição.
A decisão fracassada de Yoon está sendo alvo de protestos. O líder do opositor Partido Democrático (DPK), Park Chan-dae, afirmou que o presidente não pode escapar de uma acusação de traição e deve renunciar imediatamente.
“O presidente tem que se afastar agora”, disse Park, reforçando que, mesmo com a revogação da medida, Yoon deve ser responsabilizado por sua tentativa de desestabilizar o governo.
A declaração de lei marcial, que não era vista na Coreia do Sul desde 1979, foi rejeitada de forma unânime pela Assembleia Nacional em uma sessão emergencial. Yoon, então, foi forçado a suspender a ordem, atendendo a solicitação do Parlamento. No entanto, o presidente não deixou de criticar a oposição, acusando-a de tentar paralisar seu governo.
Han Dong-hoon, líder do Partido do Poder Popular, do qual faz parte Yoon, pediu uma explicação pública do presidente sobre a decisão e exigiu a demissão do ministro da Defesa.
“O presidente deve explicar essa situação trágica de forma direta e detalhada”, afirmou Han, condenando a imposição de lei marcial como uma ação inconstitucional. O Partido do Poder Popular também se opôs veementemente à medida, que consideraram um “grave erro”.
Cho Kuk, líder de um partido minoritário da oposição, anunciou que tentará reunir apoio entre outros grupos políticos para iniciar um processo de impeachment contra Yoon. “Isso não acabou. Ele deixou todos em choque”, afirmou Cho, enquanto manifestantes do lado de fora da Assembleia celebravam a revogação da lei marcial, gritando “Vencemos!”.
Um eventual processo de impeachment de Yoon exigiria 200 votos da Assembleia Nacional. A oposição controla 192 dos 300 assentos, ou seja, para passar, membros da base do governo deveriam votar a favor. Caso a medida fosse aprovada, o presidente perderia seus poderes, e o primeiro-ministro assumiria a presidência interina até uma decisão final do Tribunal Constitucional. Se o tribunal acolhesse o pedido para remover Yoon do cargo, uma nova eleição presidencial deverá ser convocada dentro de 60 dias.
O impasse e as reações políticas em torno da tentativa de lei marcial expõem a tensão crescente entre o governo de Yoon e a oposição, que se intensificou após o bloqueio do orçamento de 2025 pelo Partido Democrático e o movimento para destituir altos membros do Executivo.
