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G1: Cid é aconselhado a falar tudo ao STF e lembrado que idolatria de Bolsonaro pode lhe render 20 anos na prisão

Segundo o Blog da Saidi, do G1, a Polícia Federal (PF) alega que o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, teria omitido informações em sua delação premiada, supostamente para proteger o ex-presidente, o general Braga Netto e outros aliados militares. A narrativa do blog apresenta a PF como “convencida” de que Cid estaria atuando de forma estratégica para encobrir ações investigadas, baseando-se em indícios extraídos de depoimentos e dados de celulares recuperados.

Além disso, a matéria enfatiza uma intensa pressão sobre Cid para que “fale tudo” em seu depoimento, sob ameaça de enfrentar penas severas ou até mesmo envolver seus familiares em investigações e possíveis punições

Leia na íntegra:

PF está convencida de que ex-braço-direito de Bolsonaro fez jogo duplo ao se tornar colaborador, e agiu para proteger Bolsonaro e Braga Netto. Para militares, Cid pode ter aplicado treinamento recebido por Forças Especiais do Exército para criar “histórias de cobertura” a fim de proteger operações.

O tenente-coronel Mauro Cid foi informado nos últimos dias por pessoas próximas que sua idolatria por Jair Bolsonaro (PL) pode custar pelo menos 20 anos de cadeia e arrastar familiares, como o pai, o general da reserva Mauro Lourena Cid.

Ajudante de ordens do ex-presidente ao longo de todo o mandato, Cid “é apaixonado por Bolsonaro, um fã”, disse ao blog um dos mais próximos interlocutores do tenente-coronel na manhã desta quinta-feira (21). Numa busca feita na casa do militar, a Polícia Federal encontrou banners com foto do ex-presidente.

Na avaliação dessas pessoas, tal apego ao ex-presidente é um dos fatores que fez com que Cid perdesse a oportunidade de falar tudo que sabia à Polícia Federal, que descobriu omissões em sua delação premiada ao obter informações por outros meios, incluindo relatos de outros investigados e dados do celular do tenente-coronel que haviam sido apagados.

A PF está certa de que Cid faz jogo duplo ao decidir colaborar com as investigações, mas atuar para proteger Bolsonaro, Braga Netto e outros militares.

Tal postura do tenente-coronel chegou a fazer com que seus próprios advogados o abandonassem, o que não aconteceu até aqui.

Agora, aliados tentam convencer Cid a abrir o jogo no encontro que vai ter com o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes nesta quinta-feira (21). O tenente-coronel vai ser ouvido justamente porque a PF apontou contradições e omissões nos depoimentos, o que pode levar à anulação do acordo de delação.

Esses aliados recomendam que Cid fale tudo já no início da audiência, lembrando-o que pode pegar uma pena duríssima se o acordo cair.

De família militar, Cid acreditava que ficaria livre ou pegaria pena baixa

Cid já havia sido avisado, antes de fechar a delação premiada em 2023, de que poderia pegar pelo menos 20 anos de cadeia – além do inquérito da tentativa de golpe de estado, o tenente-coronel é alvo das investigações sobre os desvios de joias e outros presentes oficiais e da fraude em cartões de vacina de sua família e de Bolsonaro.

À época, a família Cid dizia a interlocutores que não iria delatar porque acreditava que as relações do pai – general da reserva do Exército – o livrariam de qualquer punição. Ou que, se viesse a ser condenado, receberia uma pena baixa.

Quando o rosto do pai apareceu em um dos kits de presentes desviados, uma autoridade disse a interlocutores de Cid:

“Dois anos? Fazendo uma conta aqui pelos crimes que ele cometeu vai ser de 15 a 20 anos. Crimes pesados: organização criminosa, peculato… “.

Hoje, para essa autoridade, a conta estava subestimada: a expectativa é que o tenente-coronel seja condenado a até 30 anos de prisão.

‘Histórias de cobertura’

No meio militar, quem acompanha os movimentos de Cid diz que, além desse jogo duplo – que pode até incluir leva e traz de informações para outros investigados, o que ele é proibido de fazer – o tenente-coronel pode ter aplicado uma tática militar chamada de história de cobertura.

“O que Cid pode ter feito foi aplicar um treinamento que temos nas Forças Especiais, ‘história de cobertura’ ,que é contar uma mentira em nome da segurança da operação, seja ela qual for. Quando esta história está para cair, tem-se planejada uma segunda história de cobertura, bem mais verdadeira, mas ainda irreal”, explica uma fonte militar ao blog. “Agora, com as informações do celular dele, apagadas e recuperadas, além das informações de depoimentos cruzados, vão cair as duas histórias de cobertura.”

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