General ex-secretário de Assuntos Estratégicos do governo Bolsonaro critica a escalada de detenções e a atuação do STF nas questões políticas.
Em uma entrevista recente ao canal B-38, o ex-secretário de Assuntos Estratégicos no governo Bolsonaro, General Maynard Santa Rosa, fez uma série de declarações sobre o atual cenário político brasileiro, com foco nas recentes prisões e na atuação do Supremo Tribunal Federal (STF). Segundo Santa Rosa, a prisão do general de quatro estrelas Braga Netto, ex-ministro da Defesa e ex-candidato à vice-presidência, é frágil do ponto de vista jurídico e reflete uma motivação política que compromete a legitimidade do processo.
“Frágil e sem consistência jurídica”
Santa Rosa foi enfático ao afirmar que a prisão de Braga Netto não possui embasamento jurídico sólido. Para ele, o argumento utilizado para a decretação da prisão é frágil e vulnerável a questionamentos. “Parece que no cenário que nós vivemos hoje, conversas de bar guardadas em WhatsApp, gravadas em WhatsApp, servem de argumento para se prender cidadãos, por uma motivação política”, disse o general, criticando a utilização de provas consideradas imprecisas para justificar prisões de figuras públicas.
Possíveis novas prisões: “Escalada política”
Santa Rosa também previu a possibilidade de novas prisões no futuro próximo, entre elas a do General Heleno, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional, e do Almirante Garnier, ex-comandante da Marinha. “É previsível a decretação da prisão do General Heleno e de outros oficiais-generais. Nada está fora das possibilidades, porque parece que as forças que estão por trás dessa decisão não têm limite”, alertou. Para ele, o aumento das prisões de figuras militares seria uma “escalada estratégica”, que poderia culminar com a prisão de Jair Bolsonaro, caso o ex-presidente seja afastado do cenário político antes das eleições de 2026.
O comandante do Exército e as Forças Armadas
O general também fez críticas ao comportamento do comandante do Exército e ao alto comando das Forças Armadas. Para ele, a postura adotada por essas autoridades parece ser mais uma “atitude conveniente” do que uma resposta coerente com os fatos. “O Alto Comando das nossas Forças adotou uma atitude conveniente para as pessoas, que não necessariamente coincide com a realidade dos fatos”, afirmou, sugerindo que a postura das Forças Armadas, em alguns casos, reflete mais uma preocupação com conveniências políticas do que com a verdade dos acontecimentos.
O STF: “Militantes políticos no topo da magistratura”
Um dos pontos mais polêmicos da entrevista foi a crítica de Santa Rosa ao Supremo Tribunal Federal, que ele descreveu como um órgão infiltrado por “militantes políticos”. “Nós não temos, no topo superior da magistratura, magistrados; nós temos militantes políticos de uma facção”, afirmou. Segundo o ex-secretário, o STF tem se comportado como um grupo político que age em favor de um dos lados da polarização política, comprometendo a imparcialidade judicial. Ele sugeriu que a atual composição do Supremo representa uma “vulnerabilidade estratégica nacional”, já que as decisões do tribunal muitas vezes favorecem uma narrativa política em detrimento da legalidade e da justiça.
A tentativa de neutralizar Bolsonaro
Santa Rosa também comentou sobre o futuro político de Jair Bolsonaro e as tentativas de impedi-lo de concorrer nas eleições de 2026. Para ele, o foco em prisões de figuras ligadas ao ex-presidente, como Braga Netto, visa enfraquecer o partido de Bolsonaro e neutralizar sua influência política. “A intenção é deixá-lo fora do páreo eleitoral de 2026. Tentar neutralizar a voz dele para que não se faça ecoar durante esses dois anos até as eleições”, afirmou, destacando que o enfraquecimento do ex-presidente seria parte de uma estratégia para garantir a continuidade do atual governo.
Com uma análise crítica do cenário político, o general Santa Rosa não escondeu sua preocupação com o rumo das instituições brasileiras, especialmente em relação ao poder judiciário e às movimentações políticas que, para ele, ameaçam a estabilidade democrática do país.