Oito ministros do STF tiveram vistos suspensos pelo governo dos EUA
O ministro Gilmar Mendes, do STF (Supremo Tribunal Federal), ironizou nesta quarta-feira (6) a retirada de seu visto pelo governo dos Estados Unidos.
“Eu poderia estar contando [esse discurso] de Roma, em Paris, em Lisboa, agora não mais em Washington, não é?”, disse o ministro durante lançamento de seu livro na Biblioteca do STF.
Gilmar e outros sete ministros da Suprema Corte e o procurador-geral da República, Paulo Gonet, tiveram os vistos suspensos pelo governo norte-americano. A medida foi uma sanção do governo americano pela atuação do STF, principalmente na condução do processo contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), aliado de Donald Trump.
A fala de Gilmar Mendes ocorreu durante discurso de lançamento de seu livro intitulado “Jurisdição Constitucional da Liberdade para a Liberdade”.
“Poderíamos estar contando a história de um debacle [sinônimo de fracasso], da derrota do Estado Democrático de Direito. Mas normalmente nós temos estados nesses ambientes contando a consagração, a vitória, da democracia”, disse o decano ao finalizar o discurso e ser aplaudido pela plateia presente.
Na cerimônia, também estiveram presentes o presidente do STF, Luís Roberto Barroso, e os ministros Cristiano Zanin, Flávio Dino, Edson Fachin e Luiz Fux. Além do procurador-geral da República, Paulo Gonet, e o presidente do STJ (Superior Tribunal de Justiça), ministro Herman Benjamin.
Barroso discursou antes de Gilmar e defendeu a atuação do Supremo. Segundo o presidente da Corte, o STF garante a estabilidade institucional ao longo dos quase 40 anos da redemocratização.
A obra lançada reúne os discursos apresentados durante a cerimônia em que o ministro Gilmar Mendes recebeu o título de Doutor Honoris Causa pela Universidade de Buenos Aires, no ano passado.