O líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias, e a deputada Sâmia Bomfim (Psol-SP) foram os responsáveis pela negociação. Leia no Poder360.
O deputado federal Glauber Braga (Psol-RJ) decidiu encerrar a greve de fome na tarde desta 5ª feira (17.abr.2025), depois de articulação do líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias (RJ), e da deputada Sâmia Bomfim (Psol-SP) com o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB). O psolista ficou 8 dias acampado no Plenário 5 da Casa, ingerindo soro, água e isotônico.
A articulação foi para que Braga ganhe mais tempo para convencer os deputados a reverter a cassação de seu mandato, aprovada pelo Conselho de Ética e Decoro Parlamentar no dia 9 de abril de 2025 por 13 votos a 5.
De acordo com a equipe de Braga, os médicos recomendaram todo um protocolo para transição da greve de fome para a alimentação normal. Ele e Sâmia agradeceram pelo apoio recebido durante os dias de mobilização, bem como a toda a bancada do PSOL e seus funcionários.
“Vou anunciar a suspensão da greve de fome, mas quero fazer agradecimentos e depois falar da política: onde estamos, quais são as próximas etapas e para onde nós vamos”, afirmou Braga.
Lindbergh disse a jornalistas que a cassação só deve ser analisada no próximo semestre de 2025. Com a perda do mandato aprovada no Conselho de Ética, Braga tem até 3ª feira (22.abr.2025) para apresentar o recurso na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça).
A partir dessa data, a comissão tem 5 dias para votar o recurso. Se ele for aprovado, o caso volta para o Conselho de Ética, mas se for rejeitado, vai para o plenário. Motta disse que não colocará o caso para ser votado antes do prazo de 60 dias. Com isso, Braga terá tempo de tentar reverter votos a seu favor.
“Garanto que, após a deliberação da CCJ, qualquer que seja ela, não submeteremos o caso do deputado ao Plenário da Câmara antes de 60 dias para que ele possa exercer a defesa do seu mandato parlamentar”, disse Motta no X.
Aliados do deputado organizaram uma conversa com o presidente da CCJ, Paulo Azi (União Brasil-BA), na 3ª feira (22.abr), para falar do caso de Braga. Mas a avaliação é de que a chance de reverter a cassação na comissão é mínima.
CASSAÇÃO
A justificativa da cassação é o processo contra o deputado por ter agredido, em abril de 2024, o youtuber Gabriel Costenaro, integrante do MBL (Movimento Brasil Livre). Mas Braga e aliados avaliam que a punição com a perda do mandato, considerada por eles desproporcional, pode ser uma retaliação do ex-presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), por causa da atuação do deputado contra o orçamento secreto.
O deputado e seu partido foram responsáveis por iniciar a ação judicial que fez o STF (Supremo Tribunal Federal) travar a destinação de emendas, em 2024.
À época, o congressista disse que Lira “sequestra” o Orçamento com a execução de emendas de congressistas.
Lira nega perseguição contra Braga. “De minha parte, refuto veementemente mais essa acusação ilegítima por parte do deputado Glauber Braga e ressalto que qualquer insinuação da prática de irregularidades, descasada de elemento concreto de prova que a sustente, dará ensejo à adoção das medidas judiciais cabíveis”, disse o ex-presidente da Casa Baixa em suas redes sociais.
A desconfiança de atuação do comando da Casa em prol de sua cassação aumentou no dia da decisão do Conselho de Ética, porque Motta chamou a Ordem do Dia, fase de votação de propostas no plenário da Casa, apenas depois do fim da reunião da comissão.
Quando a Ordem do Dia é chamada, todas as comissões têm de ser paralisadas. Até esta 5ª feira (17.abr), véspera do feriado, o presidente da Casa não havia dado sinalização de saída.
Crédito Poder360