A presidente do Partido dos Trabalhadores (PT), Gleisi Hoffmann, falou em “ascensão” da direita e “extrema direita” nas eleições municipais do país para tentar reduzir a derrota da sigla no domingo 27.
Em coletiva de imprensa, Gleisi afirmou que a esquerda, incluindo o PT, viveu sua “ascensão histórica” entre as décadas de 1980 e 1990, que se consolidou em meio à “luta contra a ditadura militar” e movimentos como o Fora Collor.
“Então, a direita também está fazendo isso nesse momento”, declarou. “Esse não é um fator só nacional, mas também internacional, do crescimento da extrema direita. Nós precisamos nos preparar para esse enfrentamento.”
A presidente do PT destacou que esse crescimento “não tira a responsabilidade de se pensar nos desafios” para que a sigla volte a ter “protagonismo municipal e local”.
“Esse nunca foi o forte do campo da esquerda e do PT. De eleições diretas, nós ganhamos 5 [presidenciais]. Mas nunca conquistamos a maioria dos municípios brasileiros. Então, essa é a verdade”, sinalizou.
Gleisi também afirmou a “necessidade” de modernizar o discurso do partido, mas “sem perder de vista os princípios e o programa que nos trouxe até aqui, porque tem uma base que veio conosco até aqui e enfrentou os piores momentos que passamos”.
Gleisi defende apoio do PT em Boulos
Durante a coletiva, Gleisi criticou diretamente as falas do secretário de Comunicação do PT, Jilmar Tatto, e do deputado federal Washington Quaquá, prefeito eleito de Maricá (RJ), que avaliaram como um “erro” o apoio à candidatura de Guilherme Boulos (Psol) à Prefeitura de São Paulo.
“Eu discordo completamente, assim como a maioria”, afirmou. “O Boulos foi o candidato que nós apoiamos nas eleições de 2020 que foi para o segundo turno e teve 40% dos votos. Depois, foi o deputado que teve mais de 1 milhão dos votos.”
A presidente do partido esclareceu que o psolista cumpria um “quadro” do que se era esperado para São Paulo. Destacou que o deputado federal tinha “competitividade”.
“Eu me pergunto: Quem do PT iria disputar ou que outra candidatura iria ser construída?”, indagou. “Tinha de ser Boulos, sim, foi o melhor candidato que nós tivemos. Teve um desempenho impressionante nas eleições, com coragem, ousadia e em nenhum momento deixou de ir para o combate.”
Gleisi Hoffmann ainda disse que não poderia ser “esquecido”, que “nos piores momentos”, Boulos se fez presente. Citou como exemplos a prisão de Lula e o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff.
“Ele poderia, muito bem, ao ser líder de um partido de esquerda, fazer uma disputa política conosco em um momento em que estávamos enfraquecidos. Esse tipo de coisa não pode ser esquecida na política”, acrescentou.