O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) disse, no início da noite desta quarta-feira (26), que “gostaria muito” de discutir as acusações por suposta tentativa de golpe com o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, relator do inquérito. No entanto, o ex-mandatário disse que não pedirá uma reunião com o magistrado.
“Eu gostaria muito de discutir, sei que ele talvez até me responda grosseiramente, eu e o ministro Alexandre de Moraes falarmos desse assunto [denúncia do golpe]. Não quero marcar [uma reunião com ele]. Eu gostaria que isso acontecesse, não vou pedir, não”, afirmou a jornalistas em uma coletiva na saída do Senado.
Questionado sobre como o encontro seria possível sem um pedido formal, o ex-presidente disse que estava falando “ao vivo” para a imprensa, com “sinal aberto”. Durante a entrevista, o ex-presidente voltou a criticar o ministro.
“Ninguém tentou dar um golpe. Nos 500 acordos de não persecução penal [firmados por envolvidos no 8/1], que o senhor Alexandre falou [no julgamento], ele disse que as pessoas assumiram. Pelo amor de Deus, 500 pessoas queriam dar o golpe e não vazou para ninguém”, ironizou.
Ele voltou a dizer que seu ex-ajudante de ordens, tenente-coronel Mauro Cid, foi “ameaçado” para delatar sobre a suposta trama golpista. Bolsonaro evitou falar sobre uma eventual prisão, mas destacou que “ninguém tem segurança jurídica no país”. A Primeira Turma do STF tornou réus Bolsonaro, Cid e outros 6 denunciados do chamado “núcleo 1” da suposta tentativa de golpe.
“Não tô morto ainda”, diz Bolsonaro sobre eleições 2026
O ex-presidente se recusou a responder quem poderá substituí-lo no campo da direita nas eleições presidenciais de 2026, caso permaneça inelegível até 2030. “O candidato vai ser o Jair, o Messias ou o Bolsonaro, estou te dando três nomes possíveis. Não sei o porquê de eu estar inelegível. É injustiça”, frisou.
“Não tô morto ainda, vou começar a andar pelo Brasil. Você vai na [Avenida] Paulista no dia 6 de abril, às 14h, o que vai acontecer lá. O povo gosta de mim”, disse em referência a manifestação convocada pela oposição.
Ele voltou a defender a aprovação do projeto de lei que concede anistia aos envolvidos no 8 de janeiro de 2023. no entanto, Bolsonaro alegou que a proposta não é para beneficiá-lo. “Quero tirar esse pessoal da cadeia, porque é uma injustiça”, reiterou.
Segundo o ex-mandatário, mais da metade do Republicanos deve apoiar o PL da Anistia. Ele apontou que o próprio PL tem dúvidas sobre quantos parlamentares votarão a favor da proposta. “Até o PL tem dúvidas de algumas pessoas que, por ventura, não queiram votar pela anistia, por interesses outros. Eu espero que todos votem, mas pode ser que alguns não votem”, afirmou.
Marcha fúnebre interrompe Bolsonaro
Bolsonaro foi interrompido por uma marcha fúnebre tocada por um trompetista. O homem mudou a melodia e tocou a música “Tá na hora do Jair já ir embora”, de Juliano Maderada e Tiago Doidão, que viralizou nas eleições de 2022.
O ex-presidente riu e seguiu com a entrevista. “Saudade dos meus tempos de quartel, desse toque de corneta. Pode ser um sinal”, disse em tom de brincadeira.