Hamas censura imagem de atriz que defendeu ‘Palestina livre’ no Emmy

Atriz fez propaganda a favor de bandeira dos terroristas e não esperava que sua imagem — com um vestido que mostrava os ombros — fosse borrada

O discurso da atriz Hannah Einbinder feito na noite do último domingo, 14, quando recebeu o Prêmio Emmy, ganhou destaque internacional e um elogio do Hamas, o grupo terrorista que fez o pior ataque a Israel em 7 de outubro de 2023. Einbinder, que é judia, incluiu a frase “Free Palestine”, uma espécie de slogan do Hamas e de outras organizações que defendem a existência de um Estado independente para a Palestina.

A atriz e a esquerda “progressista”, defensora das bandeiras políticas do Hamas, não esperavam, no entanto, que o Hamas fosse censurar a imagem da atriz, de acordo com o jornal norte-americano The New York Post. Ao reproduzir o vídeo da atriz, a agência de notícias palestina Quds News Network, associada ao Hamas, borrou os ombros e o decote da atriz no vídeo compartilhado em suas redes sociais.

Repercussão e críticas à censura

Na postagem publicada no X, antes de ser deletada na segunda-feira 15, a Quds News afirmou que Einbinder justificou sua fala no Emmy pela convicção de que, sendo judia, deveria “distinguir os judeus e a cultura judaica do projeto etnonacionalista do Estado de Israel”.

A decisão de censurar a imagem gerou críticas e ironias on-line, destacando a contradição de divulgar o discurso de Einbinder, mas adaptá-lo visualmente para atender a padrões do grupo. Simone Rodan-Benzaquen, diretora do American Jewish Committee na Europa, também comentou essa incoerência.

A Quds News se define como uma rede independente, embora frequentemente seja acusada de vínculos com o Hamas e a Jihad Islâmica Palestina, outro grupo terrorista que atua na região. Desde 2007, o Hamas, no controle de Gaza, enfrenta críticas internacionais, especialmente da ONU, pelas restrições aos direitos das mulheres.

Apesar de negar a imposição de um código oficial de vestimenta, o Hamas é acusado de exigir lenços e roupas longas em público, prática conhecida como “Código de Modéstia”. A postura do grupo é alvo de denúncias de organizações de direitos humanos.

Comunidade judaica critica Hannah Einbinder por “Free Palestine”

Parte da comunidade judaica reagiu negativamente à fala de Einbinder, acusando-a de propagar sentimentos anti-Israel durante um evento de grande visibilidade.

O escritor israelense Hen Mazzig afirmou que, quando celebridades tornam o ataque a Israel um “modismo”, isso contribui para ataques a escolas e sinagogas judaicas. Mazzig acrescentou que “a verdadeira coragem teria sido pedir a libertação dos 48 reféns ainda mantidos em Gaza e o fim da guerra”. “Celebridades milionárias adoram gritar slogans vazios no palco como se fosse noite de microfone aberto”. ‘Palestina livre’ não é uma piada”, tuitou o escritor.

E seguiu, dirigindo-se à atriz: “Hannah, você teve 30 segundos para inspirar milhões. Você poderia ter pedido paz, condenado o terror, pedido pela libertação dos reféns, se oposto às atrocidades sexuais e aos estupros cometidos pelo Hamas e demonstrado empatia por todas as vítimas. Em vez disso, você optou por aplausos e deixou israelenses e palestinos exatamente onde eles estavam: sangrando. Mas você com certeza está chique com esse vestido caro!”

O ator judeu Yuval David, vencedor do Emmy, classificou o pronunciamento de Einbinder como uma “performance de ignorância, não de coragem”. David observou que a atriz “não fez menção à paz, ao fim da guerra nem aos reféns que ainda sofrem em Gaza”, além de considerar ofensivo separar judeus de Israel, já que “mais de 7 milhões de judeus vivem lá, e todos rezam voltados para Israel”.

Ihab Hassan, cristão palestino que defende a paz entre Israel e Gaza, também criticou a Quds News, chamando a censura e a exclusão da publicação de “piada completa”.

O discurso de Hannah Einbinder

No discurso que gerou o debate, Einbinder, ao ser premiada como Melhor Atriz Coadjuvante em Série de Comédia, declarou: “F–k ICE e Free Palestine”; e depois explicou sentir-se responsável por distinguir a identidade judaica do Estado israelense.

De acordo com a atriz, sua posição se baseia na convicção de que o Estado de Israel representa um projeto “etnonacionalista” diferente das tradições e da fé judaicas. Ela afirmou ter ligação pessoal com a guerra em Gaza, pois amigos seus atuam como médicos na região.

Além do discurso no Emmy, Einbinder aderiu ao movimento Film Workers for Palestine, comprometendo-se a não colaborar com instituições cinematográficas israelenses. O pacto pede que profissionais evitem trabalhar com empresas que apoiam o governo de Israel ou a guerra em Gaza, em iniciativa comparada ao boicote cultural do apartheid sul-africano.

Entre os que assinaram o compromisso estão nomes como Joaquin Phoenix, Emma Stone, Peter Sarsgaard e Elliot Page.

Crédito Revista Oeste

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