Julgar alegada tentativa de golpe em 2025 evitará tumultos em 2026, diz Gilmar

Foto – WILTON JUNIOR

Ministro fala em afastar julgamento que envolve o ex-presidente Bolsonaro do ano eleitoral e afirma que investigação sobre o caso foi “bem-feita”

O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Gilmar Mendes afirmou que espera julgar ainda em 2025 a possível denúncia sobre a a suposta tentativa de golpe para evitar “tumultos” em 2026, ano eleitoral. O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o ex-ministro da Defesa e general Braga Netto e mais 37 pessoas foram indiciados pela PF (Polícia Federal) por suposta tentativa golpe de Estado, abolição violenta do Estado democrático de Direito e por integrar organização criminosa.

“Eu espero que esse processo seja julgado ainda em 2025, para que a gente talvez não tenha tumultos em 2026, quando já estaremos com o ano eleitoral começado”, afirmou o magistrado, em entrevista concedida de Portugal ao canal do “Brasil Confidencial” no YouTube na 2ª feira (20.jan.2025).

Atualmente, o relatório da PF está com o procurador-geral da República, Paulo Gonet, e caberá a ele analisar o conteúdo e decidir se apresenta a denúncia ao STF, se pede mais diligências ou se recomenda o seu arquivamento.

Gilmar disse não acreditar que o julgamento se arraste por muito tempo, mas citou a possibilidade de as denúncias serem fatiadas caso surjam novos acusados. O ministro aproveitou para elogiar a investigação da PF, qualificando-a como impressionante e “extremamente bem-feita”.

Durante a entrevista, o decano do Supremo também comentou a decisão do ministro Alexandre de Moraes, relator do caso, de rejeitar a devolução do passaporte de Bolsonaro, impedindo que o ex-presidente acompanhasse a posse de Donald Trump nos Estados Unidos. O documento está apreendido pela Justiça brasileira desde fevereiro de 2024, quando foi retido durante as investigações da PF.

“Nós não podemos esquecer que estamos às vésperas de um eventual oferecimento de denúncia nesse tema. Portanto, é um tema muito delicado e ele [Alexandre de Moraes] preferiu, certamente, não correr qualquer risco”, disse o ministro.

Questionado sobre os detalhes da Operação Contragolpe, que investigou um suposto plano para matar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o seu vice, Geraldo Alckmin (PSB), e Moraes, Gilmar caracterizou os dados revelados como “extremamente preocupantes”. Avaliou que, apesar dos períodos de instabilidade democrática vividos no Brasil que, segundo ele, desde o regime militar de 1964, ‘nunca tínhamos tido uma crise política com esse invólucro militar’.

O ministro voltou a criticar o fato de militares da ativa ocuparem cargos destinados a civis nos governos, e citou o ex-ministro da Saúde de Bolsonaro Eduardo Pazuello (PL) como exemplo. “O caso do general é hoje o símbolo de uma grande débâcle, um grande desastre. Confiar a ele o Ministério da Saúde, como se revelou na pandemia, foi uma grande irresponsabilidade”, disse.

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