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Gustavo Petro, presidente da Colômbia, foi um dos primeiros chefes de Estado a reagir à invasão e expressou toda sua “solidariedade”
Vários líderes mundiais, incluindo chefes de Estado e ex-presidentes, pronunciaram-se após os eventos da noite de sexta-feira, quando autoridades equatorianas invadiram a embaixada mexicana em Quito para prender Jorge Glas.
Condenado por associação criminosa no caso Odebrecht, Glas, Ex vice presidente do Equador, estava sob asilo mexicano desde dezembro, alegando “perseguição política” por parte de autoridade judiciais de seu país. O Ministério Público do Equador o acusa do crime de peculato.
As imagens do ocorrido na sexta-feira mostram veículos blindados forçando a entrada no recinto diplomático.
Chefe da Chancelaria da missão do México no Equador, Roberto Canseco, foi filmado tentando impedir com seu próprio corpo a violação dos agentes equatorianos ao recinto diplomático de seu país em Quito.
Gustavo Petro, presidente da Colômbia, foi um dos primeiros chefes de Estado a reagir à invasão, expressando total “solidariedade ao pessoal diplomático do México em Quito”.
“Violaram a convenção de Viena e a soberania do México no Equador. Insisto novamente que a América Latina e o Caribe, independentemente das estruturas sociais e políticas de cada país, devem manter vivos os preceitos do direito internacional em meio à barbárie que avança no mundo e ao pacto democrático dentro do continente. A Colômbia respeita o direito universal ao asilo político”, afirmou.
Petro mencionou que a Colômbia promoverá uma ação para que a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) “emita medidas cautelares em favor de Jorge Glas, cujo direito de asilo foi barbaramente violado”.
“A OEA e o Centro Estratégico Latino-Americano de Geopolítica (Celag) devem reunir-se urgentemente para examinar a violação da convenção de Viena por um estado membro”, indicou Petro.
O governo brasileiro, por sua vez, condenou “nos termos mais enérgicos, a ação realizada pelas forças policiais equatorianas na Embaixada do México em Quito na noite passada, 5 de abril”.
“A ação constitui uma clara violação da Convenção Americana sobre Asilo Diplomático e da Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas que, em seu artigo 22, estabelece que os locais de uma missão diplomática são invioláveis e só podem ser acessados por agentes do Estado receptor com o consentimento do Chefe de Missão”, indicou.
Para Brasília, “a medida realizada pelo governo equatoriano constitui um grave precedente e deve ser objeto de enérgico repúdio, independentemente da justificação para sua implementação”.
A Organização dos Estados Americanos (OEA) indicou que é fundamental o estrito cumprimento, por parte de todos os Estados, das normas que regulam a proteção, o respeito e a inviolabilidade dos locais das missões diplomáticas e dos escritórios consulares, que foram codificados na Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas, de 18 de abril de 1961.
“Nesse contexto, expressa solidariedade às vítimas das ações impróprias que afetaram a Embaixada do México no Equador. A OEA também foi recentemente vítima de um ataque similar em Manágua e nem nesse caso são admissíveis ambiguidades, mas sim a mais plena coerência com o Direito Internacional”, mencionou a OEA em um comunicado compartilhado pelo secretário-geral da organização, Luis Almagro.
A Chancelaria do Chile, por sua vez, expressou “sua mais enérgica condenação à invasão da polícia equatoriana à Embaixada do México em Quito e à subsequente captura de um ex-vice-presidente do Equador que havia solicitado asilo nessa missão diplomática”.
“O Chile deseja transmitir sua solidariedade a todo o pessoal diplomático da Embaixada do México no Equador. Além disso, expressa sua profunda preocupação com a violação do direito de asilo, contemplado na Convenção sobre Asilo Territorial de 1954 e reconhecido como uma contribuição da América Latina ao direito internacional”, especificou.
O ex-presidente boliviano, Evo Morales, também declarou que “é muito grave o que o governo do Equador fez violando a soberania territorial do pais”
“Exigimos que o governo da Bolívia suspenda as relações diplomáticas com o governo do Equador por esta afronta ao México, ao direito de asilo e à integração latino-americana. Nossa plena solidariedade com o companheiro Jorge Glas”, afirmou.
Rafael Correa, ex-presidente equatoriano, por sua vez, considerou que “o que o Governo de Noboa fez não tem precedentes na história latino-americana”.
“Nem nas piores ditaduras violou-se a embaixada de um país. Não vivemos em um Estado de direito, mas em um Estado de barbárie, com um improvisado que confunde a Pátria com uma de suas fazendas de bananas. Responsabilizamos Daniel Noboa pela segurança e integridade física e psicológica do ex-vice-presidente Jorge Glas. Ao México, seu povo e seu Governo, nossas desculpas e eterna admiração”, disse Correa.