Em congresso do PCdoB, presidente ressaltou experiências de integração na América do Sul, mencionando a criação da Unasul, em 2008, como “o melhor momento político”
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) aproveitou o 16º Congresso do PCdoB, na noite de quinta-feira (16), para refletir a situação política atual no mundo e criticar a ascensão da “extrema direita”. O petista ainda relembrou, em tom elogioso, antigos líderes de países da América do Sul, como Evo Morales e Hugo Chávez.
“Qual é a tarefa que nós, militantes de esquerda, temos que fazer? Porque se a gente não discutir isso, a gente não descobre porque a extrema direita cresceu tanto no mundo e os setores progressistas diminuíram tanto no mundo. Nós precisamos parar para discutir isso. Muitas vezes, a gente costuma jogar a culpa nos outros e a gente não pensa se a gente errou, se a gente não errou, o que a gente deixou de fazer ou não deixou de fazer”, afirmou o presidente.
Lula chegou a citar nominalmente o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), a quem chamou de “figura politicamente grotesca”.
“Como é que se explica uma figura politicamente grotesca como o Bolsonaro virar presidente da República desse país? Como é que se explica outras figuras serem eleitas em outros países da América do Sul e na Europa?”, questionou.
O presidente emendou relembrando políticos com quem teve o “prazer” de conviver em seus mandatos anteriores.
“A minha convivência com Michelle Bachelet e com [Ricardo] Lagos, no Chile; com [Cristina] Kirchner, na Argentina; com Tabaré [Vázquez] e com [Pepe] Mujica, no Uruguai; com o companheiro [Fernando] Lugo, no Paraguai; com tanta gente… O companheiro [Hugo] Chávez, na Venezuela; com o companheiro Evo Morales, na Bolívia”, citou.
“Ou seja, isso tudo acabou. Nós tínhamos criado a Unasul [União de Nações Sul-Americanos], que era o melhor momento político da América do Sul em 500 anos de história. E não é fácil reconstruir, porque a eleição está mostrando que a extrema direita está voltando”, acrescentou.
A Unasul foi fundada a partir de um Tratado Constitutivo assinado em maio de 2008, pelos governos de Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Equador, Guiana, Paraguai, Peru, Suriname, Uruguai e Venezuela.
“Em 2010, a união era composta por todos os 12 Estados da América do Sul e com uma população de quase 400 milhões de habitantes. Desde então, alguns países se retiraram da Unasul, principalmente em função de divergências políticas”, aponta o governo federal.
O Brasil deixou de participar do grupo em 2019, durante o governo Bolsonaro. Em 2023, o governo brasileiro anunciou o retorno do país à união.
Durante o congresso, o chefe do Executivo também comentou questões ligadas à política nacional e voltou a condicionar a possibilidade de se candidatar à reeleição no ano que vem a sua saúde.
“Eu, possivelmente, serei candidato a presidente outra vezes, se eu estiver com saúde. Mas, vou ser candidato para o quê? Para continuar falando de Bolsa Família, Luz para Todos? Eu preciso pensar em um país maior […] Tem que ser um país em que as pessoas acreditem que possa ser construído”, declarou Lula, citando que 2026 será marcado pela disputa entre a direita e a extrema esquerda.