Presidente brasileiro diz que pode denunciar os EUA na Organização Mundial do Comércio por taxação a produtos brasileiros
Embora o governo brasileiro venha adotando um tom de cautela e sinalize que não pretende retaliar com uma taxação aos produtos importados dos Estados Unidos, Lula afirmou que o Brasil pode sim recorrer à reciprocidade.
“Não tem dúvida, haverá reciprocidade do Brasil em qualquer atitude que tiver contra o Brasil”, disse Lula nesta sexta (14) em entrevista à rádio Clube de Belém, onde cumpre agenda.
De acordo com ele, se as taxas se confirmarem, o Brasil vai reagir denunciando os Estados Unidos na Organização Mundial do Comércio (OMC) ou vamos taxar os produtos importados do país. Lula pontuou que a balança comercial entre os dois países é praticamente igualitária – entre US$ 40 bilhões e US$ 45 bilhões – com superávit para os americanos.
Lula afirmou que ainda não conversou com Donald Trump desde que tomou posse da presidência dos Estados Unidos – “não tem relacionamento, ainda não conversamos”, disse – mas espera que nenhum contencioso seja criado em virtude dos 200 anos de relações diplomáticas entre os dois países.
No entanto, o presidente disse estar preocupado com o rumo que a política de Trump está tomando nos Estados Unidos, que ele considera uma negação do que o país pregou ao mundo após a Segunda Guerra Mundial, como o livre comércio e a defesa da democracia.
“Agora estão defendendo o protecionismo, os Estados Unidos para os americanos, tudo para os americanos, ‘vou taxar todos os produtos, tomar a Groenlândia, anexar o Canadá.’ […] Me preocupo com isso, porque o que está em risco no mundo é a democracia, e eles agora estão negando tudo isso, acho delicado”, disparou Lula.
Lula ainda disse que a política de mercado livre incentivada pelos Estados Unidos no passado foi a causadora da migração de indústrias para a China em busca de “mão-de-obra escrava” sob um duro governo, e que isso fez com que as empresas de lá copiassem patentes e se desenvolvessem, se tornando a potência que o país é hoje.
Ele emendou dizendo esperar que Trump adote um tom mais moderado e que o norte-americano “não pode fazer o que quiser” de medidas que impliquem a economia de outros países.