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Lula não fará nada que China e Rússia não queiram sobre a Venezuela, diz ex-chanceler

Foto - Marcos Corrêa

Ex-chanceler entende que Lula finge ‘isenção’ em meio à crise na Venezuela e que apoia Nicolás Maduro

Países democráticos, entre eles, os Estados Unidos (EUA), a Argentina e o Uruguai, reconheceram, nesta semana, a vitória do ex-diplomata Edmundo González contra o ditador da Venezuela, Nicolás Maduro. O Brasil, contudo, permanece seguindo um posicionamento neutro.

“Lula apoia 100% a ditadura chavista e integra ativamente o projeto de dominação continental do Foro de São Paulo, que é parte dos planos do eixo totalitário China–Rússia–Irã”, afirmou o ex-chanceler Ernesto Araújo. “Ele não quer bater de frente com a realidade da fraude vergonhosa e da opressão madurista.”

Conforme o ministro das Relações Exteriores do governo Bolsonaro, o presidente “finge” isenção, mas já escolheu seu lado. “A nota do PT, certamente coordenada com Lula, sinaliza endosso a Maduro”, observou Araújo.

O que significa o silêncio do governo Lula sobre a Venezuela, embora já haja uma nota do PT em prol de Nicolás Maduro?

Lula apoia 100% a ditadura chavista e integra ativamente o projeto de dominação continental do Foro de São Paulo, que é parte dos planos do eixo totalitário China–Rússia–Irã. Temos de ler os movimentos táticos do presidente à luz desse compromisso. Entendo que Lula está tentando passar uma imagem de isenção para preservar alguma credibilidade futuramente. Ele não quer bater de frente com a realidade da fraude vergonhosa e da opressão madurista. Lula vem estudando o jogo, em coordenação com Maduro, para ver como melhor pode ajudar, talvez reconhecendo a vitória de Maduro, se o ditador apresentar “atas” completamente falsificadas; ou servindo de ponte para convencer os EUA ou outros países a aceitarem Maduro. Para isso, o presidente precisa fingir alguma isenção. Mas a nota do PT, certamente coordenada com Lula, sinaliza endosso a Maduro.

Um posicionamento do presidente em prol da oposição poderia contribuir para a queda de Maduro?

Poderia, no entanto, jamais acontecerá. Além de ser aliado de Maduro, Lula tenta ser uma espécie de “subgerente regional”, agindo a mando dos donos do jogo totalitário: China e Rússia. Esses dois países já disseram que o chavista venceu, portanto, Lula não fará absolutamente nada que ambos não queiram. O petista poderá fazer algo um pouco diferente apenas como movimento tático, dentro do jogo maior do bloco totalitário do qual ele faz parte.

“Além de ser aliado de Maduro, Lula tenta ser uma espécie de ‘subgerente regional’, agindo a mando dos donos do jogo totalitário: China e Rússia”

A oposição algum dia teve chances de vencer a disputa contra Maduro?

Eu inverteria a pergunta e diria que o regime Maduro jamais teria chances de vencer uma eleição limpa. A oposição, por sua vez, sempre soube que ganharia no voto e que, provavelmente, Maduro promoveria uma fraude. Então, cada um fez a sua aposta. Maduro apostou que conseguiria manipular todo o processo eleitoral e fraudar os números sem maiores problemas, e que uma vitória assim o legitimaria. A oposição, com a extraordinária liderança de Maria Corina Machado, achou que uma mobilização grande e vitória esmagadora no voto obrigaria Maduro a uma fraude demasiadamente escancarada. Parece que Maria Corina venceu essa aposta e está conseguindo mostrar ao mundo que venceu, e mostrar quem é Maduro, o tamanho da fraude e a violência da ditadura.

A Venezuela vive hoje uma revolução popular?

Desde 1999, quando chegou ao poder, Hugo Chávez concebeu e implementou um processo revolucionário com o auxílio obviamente de Lula, Fidel Castro e do restante do Foro de São Paulo, bem como da China e da Rússia. Mas é um novo tipo de revolução, não nos moldes da russa, nem da chinesa, nem da cubana, embora tomando elementos de todas essas. Isso é o que os marxistas fazem, vão aperfeiçoando o processo revolucionário para a construção de um poder absoluto. Chavez então realizou uma revolução do século 21. Tomou as instituições por dentro, concentrou todo o poder e loteou toda a Venezuela para o crime organizado, usando o dinheiro do petróleo para financiar o crime e a ditadura enquanto seu povo empobrecia, tudo sob uma fachada democrática graças a eleições manipuladas e fraudadas. Maduro manteve esse processo. Encontrou mais dificuldades internas, com a revolta do povo diante da miséria e da repressão crescentes, contudo, ao mesmo tempo, teve mais apoio externo, com o rápido aumento do poder das suas superpotências aliadas. Hoje, estamos assistindo a um extraordinário movimento popular, autêntico, profundo, desesperado, contra o totalitarismo de Maduro. Eu não chamaria de revolução, eu diria que é um movimento para restaurar a liberdade e a dignidade.

“Maduro jamais teria chances de vencer uma eleição limpa”

O que pode derrubar o ditador?

O povo venezuelano, apoiado por governos de países livres e corajosos, tem de entender que, se não agirem, serão em breve submetidos ao totalitarismo. Ou seja, é necessária uma conscientização mundial, não apenas dos governos, mas da opinião pública, para entenderem que a Venezuela não é só a Venezuela, é a frente de batalha entre totalitarismo e liberdade.

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