Aliado do petista, o anfitrião Gustavo Petro enfrenta isolamento diplomático depois de sanções dos Estados Unidos
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva embarca neste domingo, 9, para Santa Marta, na Colômbia, onde participará da reunião entre a Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) e a União Europeia.
O encontro, porém, ocorre esvaziado e em meio a tensões crescentes na região, depois da mobilização militar dos Estados Unidos nas proximidades da Venezuela em operações contra embarcações suspeitas de envolvimento com o narcotráfico.
Prevista para terminar na segunda-feira, a cúpula é a primeira desde 2023, quando ocorreu em Bruxelas. A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e o presidente uruguaio, Yamandú Orsi, cancelaram a participação de última hora, ampliando o clima de desinteresse.
Anfitrião do encontro e líder temporário da Celac, o presidente colombiano Gustavo Petro enfrenta isolamento diplomático depois de Washington revogar a certificação da Colômbia como aliada na luta antidrogas e impor sanções ao seu governo.
Analistas veem nas ausências um gesto para evitar atritos com o presidente americano Donald Trump, além de apontarem falhas de organização por parte da Colômbia.
Crime organizado deve ser tema da cúpula entre Celac e União Europeia; Lula vai focar em “soberania”
A presença de Lula é considerada um dos poucos trunfos da cúpula, vista como oportunidade para o Brasil reforçar sua posição como interlocutor regional.
O principal tema das discussões deve ser o combate ao crime organizado — incluindo a pressão dos Estados Unidos para que o Brasil classifique o Primeiro Comando da Capital e o Comando Vermelho como organizações terroristas.
Lula deve se opor à proposta, defendendo uma abordagem centrada na soberania nacional e na cooperação latino-americana. Em declaração recente, afirmou que “a cúpula não faz sentido se não discutir a presença de barcos militares americanos no Caribe”, e confirmou a viagem no dia seguinte.
Sem expectativa de grandes acordos, diplomatas avaliam que o encontro pode ao menos destravar negociações entre a União Europeia e o Mercosul, encerrando-se com uma declaração conjunta nesta segunda-feira.





