Lula veta ida de Campos Neto para o grupo JBS, segundo jornal

Lula veta ida de Campos Neto para o grupo JBS, segundo jornal, em mais um capítulo das tensões entre ambos

O ex-presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, foi convidado para trabalhar na JBS, do grupo J&F, logo que o seu período de quarentena acabasse, segundo o jornal O Globo. Ele deixou o cargo no BC no último dia 31 de dezembro.

De acordo com o jornal, assim que o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) soube, mandou avisar que aquela não era uma boa ideia. A proposta havia sido aceita por Campos Neto, mas, depois da intervenção de Lula, foi engavetada. 

Os proprietários do J&F, os irmãos Wesley e Joesley Batista, tiveram problemas com a Justiça em 2017, quando foram presos sob acusação de corrupção.

Em uma delação premiada, Joesley causou problemas ao governo de Michel Temer e ao PT. Em acordo de leniência com o Ministério Público Federal (MPF) a empresa foi condenada a pagar uma multa de R$ 10,3 bilhões.

Em 2023, eles retornaram ao conselho da empresa, absolvidos pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) da acusação de insider tranding (crime financeiro por meio de informação privilegiada).

Também em 2023, o STF decidiu suspender a multa. Desde então, houve uma reaproximação de Joesley e Wesley com o presidente Lula, que inclusive visitou uma das fábricas da JBS, em abril de 2024.

Os irmãos Batista também estiveram em maio de 2024 no Palácio do Planalto, onde, ao lado de outros executivos do setor, participaram de uma reunião com o presidente.

Já a relação entre Campos Neto e Lula foi marcada por tensões. Campos Neto foi nomeado para o cargo em 2019, ainda no governo de Jair Bolsonaro (PL). Desde então, ele manteve postura de independência institucional, o que gerou algumas divergências com o governo Lula, cujo terceiro mandato se iniciou em 2023.

A independência do BC é um princípio constitucional que visa a garantir que a política monetária do país seja conduzida de forma técnica e não sujeita a pressões políticas de curto prazo.

Divergências entre Lula e Campos Neto

Em seu discurso de campanha e nas primeiras declarações de seu mandato, Lula criticou as altas taxas de juros definidas pelo BC, sob a liderança de Campos Neto.

O presidente petista argumentava que a política monetária estava prejudicando o crescimento econômico e gerando dificuldades para o setor produtivo e a população mais vulnerável.

O presidente chegou a afirmar que Campos Neto, como parte do governo anterior, estaria implementando uma política que favorecia os interesses do setor financeiro em detrimento das necessidades da população.

Mesmo com as críticas, o BC manteve sua autonomia e Campos Neto seguiu à frente da instituição. O atual presidente do BC, Gabriel Galípolo, foi indicado por Lula e substituiu Campos Neto. A gestão de Galípolo, no entanto, continua mantendo os juros em patamares elevados, em função da ameaça inflacionária.

Crédito Revista Oeste

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