“Solidariedade tende a 100%”, diz um ministro, que provoca: “Brasileiros estão sendo deportados dos Estados Unidos. Imaginemos um juiz daqui decretar a prisão dos agentes americanos que atuam nessas ações?”
A maioria do Supremo Tribunal Federal (STF) apoia a decisão do ministro Alexandre de Moraes de abrir um inquérito contra o deputado licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP).
De acordo com Paulo Gonet, procurador-geral da República, Eduardo tem agido publicamente para ameaçar, constranger e impedir o avanço do julgamento do caso que tem o pai, Jair Bolsonaro (PL), como principal personagem: da suposta tentativa de golpe de Estado.
Um integrante da Primeira Turma ouvido pelo blog diz que a solidariedade interna “tende a chegar a 100%”, talvez com “uma exceção”. Ele vê a ameaça americana como “absurda”. “Não há precedentes no mundo para esse tipo de sanção contra um juiz de outro país”, analisa.
Esse mesmo integrante do STF propõe um exercício: “Para dimensionar o tamanho da violação à soberania brasileira, basta inverter a situação: brasileiros estão sendo deportados dos Estados Unidos. Imaginemos um juiz brasileiro decretar a prisão dos agentes policiais americanos que atuam nessas ações?”, provoca.
“Sendo que a situação é ainda mais grave, porque não há um cidadão americano sequer em litígio nesse caso”, conclui.
O STF também aponta o dedo para o Itamaraty. Um segundo integrante da corte afirma que, após a fala do secretário de Estado dos Estados Unidos, Marco Rubio, confirmando a avaliação de sanções contra Moraes, o Ministério das Relações Exteriores tinha a obrigação de responder.
“Acho que todos ali no governo sabem que havia a expectativa de uma reação oficial que não veio. A resposta que tivemos é que a diplomacia opera de uma forma diferente. Mas houve a fala de um integrante do primeiro escalão”, explica o ministro do STF.
O ministro Mauro Vieira tem, pessoalmente, atualizado Moraes sobre o avanço das conversas com os americanos.
“Diplomacia nem sempre se faz pela mídia”, diz um integrante do ministério. “Ninguém pode garantir resultados na Washington de hoje em dia, mas é nossa obrigação tentar, enquanto ainda é possível evitar uma crise. Mas não cabia queimar a largada e fechar portas só por conta da declaração”, conclui.
Crédito G1