Mauro Cid volta a falar em Braga Netto em depoimento à PF
Mauro Cid volta a falar, em depoimento à PF, sobre participação de Braga Netto em suposto esquema de golpe.
Cid teve de dar novas explicações e esclarecimentos sobre inconsistências em depoimentos anteriores à corporação, confrontado com arquivos recuperados recentemente em aparelhos eletrônicos do ex-ajudante de ordenas do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Tanto Braga Netto quando Bolsonaro negam envolvimento, planejamento ou tentativa de execução de qualquer esquema de golpe de Estado. Cid também prestou esclarecimentos sobre outros inquéritos aos quais está implicado. Segundo a PF, o depoimento desta quinta foi uma espécie de desdobramento e complemento à oitiva concedida ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes no dia 21 de novembro.
Dois dias antes Cid já tinha falado à PF que, à época, disse que suas declarações não haviam revelado novos elementos e chegou a notificar, por meio de oficio, esse posicionamento ao STF. A PF esclareceu que não cabe a ela pedir, manter ou não o benefício da delação premiada, ficando a função exclusiva ao judiciário.
Cid fechou acordo de colaboração premiada homologado pelo STF em 2023, ano que foi preso pela primeira vez, o que lhe dá o direito de responder aos processos em liberdade, porém precisa falar tudo o que sabe sobre o que vem sendo investigado, bem como entregar provas, o que na avaliação da PF não teria ocorrido integralmente.
A PF justificou que com a ajuda de um software de tecnologia israelense, recuperou uma série de mensagens trocadas por Cid e outras pessoas, a maior parte aparece na lista de indiciados, por suposta tentativa de golpe de Estado, tentativa violenta de abolição do Estado Democrático de Direito e organização criminosa.
Tudo isso para impedir, segundo a Polícia Federal, que o presidente eleito à época Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Geraldo Alckmin (PSB), assumissem o poder. A PF disse ainda ter identificado um plano que incluía o assassinato do presidente, do vice eleitos, do ministro Alexandre de Moraes e que isso ficou evidenciado nas novas provas colhidas do celular do Cid.
No depoimento concedido a Alexandre de Moraes em 221 de novembro, o ministro decidiu manter o acordo de delação se dizendo satisfeito com o que ouviu do tenente-coronel. Hoje a PF buscou outras informações que julga importantes para ligar outros pontos no inquérito.
Não foram informados, até o momento, outros detalhes sobre este novo depoimento, o 14ª desde que foi preso pela primeira vez em 2023. Na oitiva em novembro a Alexandre de Moraes, Cid já tinha dito que Bolsonaro sabia do plano e confirmou o papel do ex-comandante das Forças Armadas, Braga Netto, no suposto esquema.