Mercado da França anuncia boicote a produtos do acordo UE–Mercosul

Produtores rurais franceses manifestam preocupação com a possibilidade de entrada facilitada de carne, arroz, mel e soja

A decisão de boicotar produtos do acordo entre União Europeia (UE) e Mercosul foi anunciada nesta terça-feira, 16, pela Coopératives U, quarta maior rede de supermercados da França. A empresa comparou o bloco sul-americano à plataforma Shein e alegou práticas de concorrência desleal.

O anúncio surge em meio à resistência do governo francês ao tratado, enquanto a União Europeia se prepara para votar e, possivelmente, assinar o acordo no próximo sábado, 20. Apesar de o Parlamento Europeu ter aprovado o texto com alterações nesta terça-feira, ainda é necessário o aval dos 27 países membros do bloco.

Boicote da França e preferência pelo mercado nacional

O presidente-executivo da Coopératives U, Dominique Schelcher, afirmou à rádio RMC: “Não compraremos esses produtos se chegarem à França”. “Não compraremos produtos da América do Sul a partir do momento em que houver produtos franceses equivalentes.”

Produtores rurais franceses manifestam preocupação com a possibilidade de entrada facilitada de carne, arroz, mel e soja do Mercosul, o que pode prejudicar a agricultura local, diante da exportação de veículos e máquinas europeias para o bloco sul-americano.

“Quando se obrigam os agricultores a produzirem com um certo número de normas e restrições que são pesadas, mas podem chegar produtos com menos exigências, é uma forma de concorrência desleal”, explicou Schelcher, sobre o acordo UE–Mercosul.

Resistência política ao acordo

A França solicita ao Conselho Europeu o adiamento da votação do acordo para 2026. O pacto foi fechado em dezembro do ano passado, em Montevidéu, capital do Uruguai, e está previsto para ser assinado durante a Cúpula do Mercosul em Foz do Iguaçu (PR), no sábado 20.

Na noite de segunda-feira 15, o presidente da França, Emmanuel Macron, reafirmou sua oposição ao tratado durante encontro com líderes da União Europeia em Berlim. Segundo assessores, Macron entende que o acordo, “por enquanto”, não oferece proteção suficiente aos agricultores franceses.

Crédito Revista Oeste

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