Ex-integrantes do alto escalão de Bolsonaro ficarão frente a frente na próxima semana para “esclarecer contradições”.
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), autorizou nesta terça (17) a realização de uma acareação entre o tenente-coronel Mauro Cid, delator do suposto plano de golpe de Estado, e o general Walter Braga Netto, apontado por ele como o pivô do caso.
A acareação será realizada presencialmente na próxima terça (24), às 10h, na sede do STF em Brasília. Braga Netto será levado do quartel em que está preso no Rio de Janeiro para ficar frente a frente com o ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
No mesmo dia, às 11h, Moraes autorizou também uma acareação entre o ex-comandante do Exército, general Freire Gomes, e o ex-ministro Anderson Torres, da Justiça. Ambos compuseram o governo Bolsonaro.
Os dois pedidos foram apresentados pelas defesas de Braga Netto e de Torres para esclarecer pontos que consideram contraditórios nos depoimentos prestados pelos réus.
“A defesa de WALTER SOUZA BRAGA NETTO, por sua vez, requereu ‘seja designada audiência para realização de acareação entre o corréu delator Mauro Cid e o Gen. Braga Netto, a fim de que sejam dirimidas as divergências entre as declarações por eles prestadas em interrogatório judicial’, alegando que ‘os interrogatórios do corréu delator Mauro Cid e do Requerente contêm divergências entre si’”, escreveu Moraes no despacho a que a Gazeta do Povo teve acesso.
A alegação da defesa de Torres para ficar frente a frente com Freire Gomes é semelhante e afirma que o depoimento do militar “está recheado de contradições, ao passo que as declarações prestadas pela testemunha, talvez até pelo cansaço (foram 11 horas de depoimento), e pelo acusado divergem frontalmente em ponto nevrálgico do processo”.
Por outro lado, Moraes salientou no despacho que os réus “não tem o compromisso de dizer a verdade, podendo inclusive falseá-la em prol de sua autodefesa”.
Além de possíveis contradições nos depoimentos, a delação de Mauro Cid está sendo contestada sob a suspeita de ter sido manipulada, conforme revelaram áudios publicados pela revista Veja na semana passada e que foram confirmados pelo advogado Eduardo Kuntz nesta terça (17). O militar, diz uma gravação atribuída a ele, jamais teria mencionado a palavra “golpe” nos interrogatórios.
Cid apontou, ainda, que Moraes já estaria decidido pela condenação de Bolsonaro e aliados pela suposta tentativa de golpe
Crédito Gazeta do Povo.