Ex-ministro do ex-presidente peronista disse em entrevista que Fernández teria prolongado medidas sanitárias além “do que deveria”
O peronista Alberto Fernández, ex-presidente da Argentina (2019-2023), foi denunciado nesta quarta-feira (4) pelo Ministério Público por suspeita de ter prolongado de forma abusiva o lockdown durante a pandemia de Covid-19.
Segundo informações do jornal Clarín, o procurador Carlos Stornelli o acusou de abuso de autoridade e violação dos deveres de funcionário público pela gestão da pandemia, entre 2020 e 2021.
A medida foi tomada pelo MP após uma representação feita pelo deputado Yamil Santoro, da Cidade de Buenos Aires, baseada em comentários sobre as medidas restritivas feitos por Martín Guzmán, ministro da Economia da gestão Fernández entre 2019 e 2022.
Numa entrevista no início desta semana a um canal do YouTube, Guzmán disse que “a administração da pandemia foi o que fortaleceu o governo” e que “a prorrogação [do lockdown] foi mais longa do que deveria”.
Na denúncia, Stornelli, da Procuradoria Nacional Penal e Correcional Federal nº 4, afirmou que na entrevista o ex-ministro, “dadas as informações técnicas de que dispunha, [disse que as medidas de enfrentamento à pandemia] foram mais longas do que deveria” e que ele obedeceu por “razões de conveniência política”.
Para a continuidade das investigações, o procurador pediu que sejam solicitadas cópias de todas as normas impondo restrições durante a pandemia de Covid-19 emitidas pelo governo Fernández; informações da Organização Mundial de Saúde (OMS) sobre quais e por quanto tempo medidas foram tomadas por outros países e quais foram suas consequências na liberdade dos cidadãos e na prevenção de contágios; e que economistas e representantes de organizações empresariais prestem informações sobre os impactos das medidas sanitárias na economia argentina.
Fernández, que deixou a Casa Rosada em dezembro de 2023, já havia sido denunciado pelo Ministério Público em agosto, por acusações de agressões contra a ex-primeira-dama Fabiola Yañez, e em fevereiro, por indícios de um suposto esquema de desvios de recursos públicos na Administração Nacional da Seguridade Social (Anses), órgão previdenciário do país.