Netflix culpa disputa tributária de US$ 619 milhões no Brasil por queda nos lucros trimestrais

A Netflix ficou abaixo da meta de lucro estimada por analistas de mercado no último trimestre, atribuindo o resultado a uma disputa fiscal de US$ 619 milhões no Brasil.

O balanço divulgado nesta terça-feira interrompeu uma sequência de seis trimestres consecutivos em que a empresa superava as expectativas de lucro. A companhia, sediada em Los Gatos, Califórnia, afirmou que a despesa inesperada relacionada à disputa tributária brasileira foi responsável pela diferença, apesar do bom desempenho de sua programação de séries e filmes originais, que manteve o público engajado e impulsionou as receitas com assinaturas e publicidade.

Mesmo assim, os investidores reagiram negativamente, e as ações da Netflix caíram cerca de 6% nas negociações após o fechamento do mercado.

As avaliações dos analistas divergem. Thomas Monteiro, do portal Investing.com, acredita que a empresa usa o problema fiscal no Brasil como justificativa para mascarar uma desaceleração no crescimento de assinantes e nas receitas publicitárias. “A verdade é que a empresa deixou de apresentar o ritmo de crescimento que vimos nos últimos anos”, afirmou. Já Jeremy Mullin, da Zacks Investment Research, disse não ver motivo de alarme, sustentando que “a base da empresa continua sólida”.

Entre julho e setembro, a Netflix lucrou US$ 2,5 bilhões (US$ 5,87 por ação), aumento de 8% em relação ao mesmo período do ano anterior. A receita subiu 17%, alcançando US$ 11,5 bilhões — dentro das previsões do mercado, que esperava o mesmo montante de receita, mas lucro de US$ 6,96 por ação.

A empresa vem tentando redirecionar a atenção dos investidores para seu desempenho financeiro, e não apenas para o número de assinantes, dado que deixou de divulgar no fim de 2024. A estratégia tem funcionado parcialmente: as ações acumulavam alta de 40% em 2025 antes da divulgação dos resultados.

Apesar da reserva quanto aos números de assinantes, o crescimento de receita indica aumento do público global, estimado em mais de 302 milhões de usuários — a maior base entre os serviços de streaming. Em teleconferência, o co-CEO Ted Sarandos afirmou que o público total, considerando diferentes usuários em um mesmo domicílio, “se aproxima de 1 bilhão de pessoas”.

A Netflix tem apostado na diversificação, incluindo esportes ao vivo, videogames e, a partir de 2026, podcasts em vídeo em parceria com o Spotify. Analistas também especulam que a empresa pode disputar parte dos ativos da Warner Bros. Discovery, que cogita vender propriedades como HBO, DC Studios e CNN. Sarandos disse que a Netflix “é mais construtora do que compradora”, mas não descartou eventuais aquisições.

O serviço também expandiu sua receita publicitária com um plano de assinatura mais barato lançado há três anos. Segundo projeções da S&P, as vendas de anúncios devem alcançar US$ 1,1 bilhão em 2025, cerca de 2% da receita total prevista.

Mike Proulx, analista da Forrester Research, alertou, porém, que a Netflix corre o risco de “abranger demais” e diluir sua identidade. “Se tentar ser tudo em entretenimento, pode acabar perdendo seu foco principal”, afirmou.

Crédito Breitbart

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