No aniversário dos atentados do Hamas a Israel, governo Lula se cala sobre vítimas brasileiras

Silêncio do Planalto contrasta com o Senado, que realizou uma sessão solene em homenagem aos alvos dos terroristas palestinos

Neste 7 de outubro de 2025, data que marca os dois anos dos ataques terroristas do Hamas contra Israel, o governo Luiz Inácio Lula da Silva não divulgou até o momento uma nota oficial, mensagem em redes sociais nem declaração pública em memória das vítimas, incluindo quatro cidadãos brasileiros mortos na ofensiva.

A ausência de manifestação do governo Lula contrasta com o gesto de outros órgãos do Estado brasileiro. O Senado, por exemplo, realizou nesta terça-feira, 7, uma sessão solene em homenagem às vítimas. A cerimônia foi requerida pelo senador Sergio Moro (União-PR).

A sessão ainda contou com a presença de autoridades diplomáticas e representantes da comunidade judaica brasileira. Entre os convidados estavam Rasha Athamni, encarregada de Negócios da Embaixada de Israel no Brasil; Claudio Lottenberg, presidente da Confederação Israelita do Brasil (Conib); Carlos Reiss, coordenador-geral do Museu do Holocausto de Curitiba; e Rafael Zimerman, brasileiro sobrevivente do ataque ao festival de música Nova, onde centenas de jovens foram assassinados. Também participou o filósofo Denis Rosenfield.

Diversos senadores se pronunciaram em defesa da memória das vítimas e em repúdio ao terrorismo. Moro afirmou que “o Brasil precisa reconhecer o sofrimento das famílias que perderam seus entes no maior massacre de judeus desde o Holocausto” e criticou o crescimento do antissemitismo. Parlamentares de diferentes partidos — entre os quais Jaques Wagner (PT-BA) e Flávio Bolsonaro (PL-RJ) — marcaram presença.

A cerimônia teve execução do Hino Nacional brasileiro e do Hino de Israel, além de um momento de silêncio em memória das vítimas. Foram exibidas também imagens de reféns que permanecem sob poder do Hamas. Representantes da comunidade judaica pediram que o Estado brasileiro mantenha atenção às famílias dos mortos e pressione por segurança para cidadãos em regiões de conflito.

O Senado realizou nesta terça (7) sessão solene em memória das vítimas dos ataques do grupo extremista Hamas, em Israel. Parlamentares e convidados defenderam a preservação da memória e o compromisso com o diálogo, a tolerância e o combate ao antissemitismo. pic.twitter.com/0Wb8Vc7bjc— TV Senado (@tvsenado) October 7, 2025

Quatro brasileiros assassinados em 2023

O governo Lula já havia confirmado, entre 2023 e 2024, a morte de quatro cidadãos nacionais nos ataques iniciados em 7 de outubro de 2023, quando o Hamas invadiu o sul de Israel, matou mais de 1,2 mil pessoas e sequestrou centenas.

Entre as vítimas brasileiras está Michel Nisembaum, morto depois de meses mantido como refém pelo grupo terrorista. O Palácio do Planalto e o Itamaraty lamentaram oficialmente o falecimento dele e de outros brasileiros na época, embora tenha justificado o ataque terrorista palestino.

Governo Lula contra Israel

Desde o começo da guerra, o Ministério das Relações Exteriores publicou ao menos 60 notas oficiais criticando ações israelenses, incluindo condenações a bombardeios na Faixa de Gaza, denúncias de “uso indiscriminado e desproporcional da força” e repúdio à aprovação de novos assentamentos na Cisjordânia.

Em contraste, apenas cerca de dez comunicados foram dedicados a condenar atos do Hamas ou a tratar diretamente de vítimas brasileiras. O primeiro comunicado do governo, em 7 de outubro de 2023, condenou genericamente o ataque terrorista, mas não detalhou as circunstâncias das mortes dos cidadãos nacionais. Nas semanas seguintes, o Itamaraty reafirmou apoio à libertação de reféns e pediu proteção a brasileiros, mas evitou termos duros como “assassinato” ao se referir às vítimas.

Nos meses seguintes, as declarações oficiais passaram a se concentrar em criticar a reação militar de Israel. Em janeiro de 2024, uma nota do governo falou em “uso recorrente e desproporcional da força”. Em fevereiro de 2024, por exemplo, o presidente Lula comparou a ofensiva israelense em Gaza ao Holocausto nazista, o que provocou forte reação diplomática: Israel declarou o petista persona non grata e convocou o embaixador brasileiro, Frederico Meyer.

Ao longo de 2025, o padrão continuou: em junho, o governo classificou a guerra em Gaza como “genocídio” e voltou a denunciar a expansão de assentamentos como “flagrante ilegalidade perante o direito internacional”.

Crédito Revista Oeste

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