A Agência de Cooperação de Segurança e Defesa dos Estados Unidos (Defense Security Cooperation Agency – DSCA) notificou o Congresso Americano, na sexta-feira 24MAIO2024, sobre uma possível venda de 12 helicópteros UH-60M Blackhawk, por um valor total de 950 milhões de dólares, mais de 5 bilhões de reais para apenas 12 aeronaves. (íntegra do documento no formato pdf nesta página).
Sem desprezar as características técnico-operacionais consagradas em quase 50 anos de operação do helicóptero Blackhawk, a possibilidade da compra e a composição do contrato, foi o assunto do final de semana nos bastidores do poder cívico e militar em Brasília DF.
A aquisição via Foreign Military Sales (FMS), não possui qualquer tipo de contrapartida comercial nem montagem no Brasil, desprezou uma fabricante brasileira de helicópteros e até de modelos de aeronaves mais modernas disponíveis no mercado internacional.
Durante as guerras no Afeganistão e Iraque a Aviação do Exército reclamou demais da dificuldade de adquirir peças sobressalentes. Tais reclamações tiveram eco na indústria de defesa e foram comprovadas com a baixíssima disponibilidade da frota de helicópteros UH-60L Blackhawk da Força Aérea, como atestado na Operação Taquari 2. Da mesma forma os helicópteros SeaHawk da Marinha do Brasil sofrem desde o início da sua operação com dificuldades no suporte logístico que geram elevada indisponibilidade.
Atualmente existem muitos modelos de helicópteros no mercado, como Airbus 145 e o Leonardo 149, entre outros, capazes de serem armados por valores inferiores aos oferecidos pelo Governo Americano.
O FMS sempre foi uma Importante ferramenta para se adquirir material do tipo Excess Defense Articles, tais como munição, armamentos variados, itens para uniforme, e veículos blindados usados para posterior modernização com a participação da indústria nacional.
A compra de uma aeronave de asa-rotativa, com uma variedade de modelos disponíveis requer mais atenção e um processo licitatório que inclua uma completa avaliação técnica e operacional e um plano de suporte, produção, capacitação e suporte logístico no Brasil, incluindo a participação de empresas brasileiras fornecedoras de tecnologias e conteúdo local.
DefesaNet entende que as aeronaves a serem compradas UH-60M são “green”, ou seja, básicas, não incluem optrônicos para vigilância e reconhecimento, sistemas de contramedidas eletrônicas e lançadores de mísseis e foguetes. Essa é a verdadeira configuração básica das aeronaves militares no moderno teatro de operações.
Os vetores aéreos da Força Terrestre precisaram ser tratados como sistemas de armas, não apenas helicópteros para transporte de tropas.
Esperávamos que em 2024, quando o Alto Comando do Exército possui pelo menos três pilotos e com as lições apreendidas nos conflitos que estamos vivenciando todos os dias, faríamos uma escolha mais acertada, visando as operações de combate, não somente para transportar urnas em eleição e reabastecer os Pelotões Especiais de Fronteira. Precisamos de helicópteros capazes de operar e cumprir um espectro variado de missões, sejam elas as subsidiarias e humanitárias, mas também as dedicadas a atividade fim, seja em época paz, de crise e de guerra.
Esses helicópteros vão voar na Aviação do Exército pelos próximos 40 anos. Devemos analisar as guerras travadas no presente para prospectar os cenários e os requisitos operacionais da guerra do futuro, e não fazer escolhas baseadas numa análise do passado.
Um ponto que o Exército Brasileiro até o momento não expôs as razões da pálida ação do Comando de Aviação da Força nas enchentes do Sul do Brasil em uma ação que ele mesmo comanda a Operação Taquari 2.
Uma resposta
1) Não dá pra comparar um helicóptero projetado para o uso civil com outro que foi pensado para ser usado no combate, para a guerra. Assim sendo, o Airbus 145 sequer poderia ser mencionado nessa comparação e se viesse a ser adquirido, tornar-se-ia uma aeronave militarizada, ou seja, um veículo civil com pintura militar, sendo empregada em atividades militares. Aliás, durante a Operação Taquari citada, o EB foi criticado por ter seus “caminhões” imobilizados na enchente, justamente por não terem “snorkel”; esse é o típico exemplo de uma aquisição de um veículo civil para uso militar, visando-se apenas o preço.
2) A única comparação plausível seria com o Leonardo 149, entretanto, essa aeronave perde em quase todas as especificações técnicas frente ao Blackhawk, como por exemplo, para citar apenas uma, mas de sma importância, tendo em vista as dimensões continentais do nosso país, a autonomia: mais de 2.000 km para o Blackhawk contra cerca de 1.000 km para o Leo 149. E falando em comparação, o mesmo ocorre se compararmos com o já mencionado Airbus 145, que mesmo sendo mais leve, tem um desempenho muitíssimo inferior ao UH-60M.