Embargos comerciais expõem riscos sanitários e econômicos para o país
O Brasil perdeu o status de único grande exportador mundial livre da gripe aviária. Depois da confirmação do primeiro foco da doença em uma granja comercial de Montenegro, no Rio Grande do Sul, o governo suspendeu exportações de frango e derivados para nove mercados, incluindo China, União Europeia e Coreia do Sul.
Segundo o Ministério da Agricultura, países como Chile, México e Argentina bloquearam as compras de todo o território nacional. Já Japão, Arábia Saudita e Emirados Árabes aplicaram embargos apenas à cidade gaúcha afetada, o que mantém ativa a exportação de produtos de outras regiões.
Com cerca de 64 mil habitantes, Montenegro fica a 60 quilômetros de Porto Alegre e abriga a granja onde morreram cerca de 17 mil aves. O Ministério confirmou que a maior parte dos animais sucumbiu ao vírus H5N1. Outras aves foram abatidas para impedir a propagação da doença.
A rápida disseminação forçou a decretação de emergência zoos sanitária em um raio de 10 quilômetros da granja, com vistorias intensificadas na região. A infecção marca uma mudança de patamar no combate à doença no país: até então, só havia registro em aves silvestres.
O governo também apura um caso suspeito em Aguiarnópolis, no Tocantins. Amostras colhidas no local indicaram a presença de influenza A, mas com baixa probabilidade de alta patogenicidade. A investigação continua.
Em nota, o Ministério da Agricultura afirmou que o Sistema de Defesa Agropecuária do país está “sensibilizado” e que aumentos no número de investigações são esperados em momentos de emergência. A pasta garantiu transparência e eficiência no tratamento de todos os casos.
Entenda o vírus da gripe aviária e os riscos à produção
O H5N1 é uma variante do vírus da gripe comum, conhecida por alta letalidade em aves. Em granjas, onde a concentração de animais é elevada, a velocidade de transmissão é ainda maior.
O vírus não é novo. Casos foram documentados em gansos desde 1996. No Brasil, registros em animais silvestres começaram em 2023.
A doença também já atingiu mamíferos, como leões-marinhos, no Chile, e bovinos, nos Estados Unidos — neste último caso, com transmissão a humanos depois de contato direto com os animais.
De acordo com especialistas, o consumo de carne ou ovos de animais infectados não transmite o vírus.
A contaminação só ocorre por contato direto com secreções de aves ou locais contaminados. Ainda assim, o potencial de disseminação em ambientes rurais preocupa técnicos e autoridades sanitárias.
O rastreio da produção já começou. O objetivo é conter o surto e evitar que novos embargos comerciais ampliem as perdas econômicas. Países importadores seguem rigorosos protocolos de proteção contra entrada do vírus em zonas livres.
Nos EUA, a gripe aviária resultou no sacrifício de mais de 120 milhões de aves e contribuiu fortemente para o aumento do preço dos ovos. O Brasil observa com atenção os impactos e busca conter o avanço do surto com respostas rápidas.
Crédito Revista Oeste