Contrariando a narrativa de Haddad, o superávit primário estrutural (que exclui o pagamento dos precatórios herdados) expõe déficit de -1,6% em 2023, após superávit de 0,2% em 2022.
Após passar os últimos meses sob um comportamento de negação sobre a criação de um problema fiscal no Brasil, nesta semana o Ministro Fernando Haddad partiu para a próxima fase: apontar um culpado.
Durante audiência na Câmara dos Deputados, Haddad bateu boca com o deputado Filipe Barros (PL-RS), apontando que o principal culpado dos déficits são as despesas temporárias herdadas do governo Bolsonaro, especialmente o ‘calote’ dos precatórios.
‘Esse déficit, deputado, não é nosso. O filho é teu, tem que assumir a paternidade, faz o exame de DNA que vai saber quem deu calote’, disse Haddad.
A afirmação é controversa, e foi rebatida por um estudo realizado pelo Instituição Fiscal Independente (IFI).
Visando analisar as despesas públicas de uma maneira não-cíclica, a instituição reuniu os dados referentes ao superávit primário estrutural do governo.
O superávit estrutural fornece uma ideia melhor da real situação das contas públicas, pois considera a posição média do ciclo econômico e desconta receitas e despesas não recorrentes, excluindo assim a ‘herança’ mencionada por Haddad.
O estudo aponta para um déficit de -1,6% do PIB em 2023, após 2 anos consecutivos de superávit, demonstrando que a origem do déficit é sim a gestão atual, uma vez que a conta exclui os valores referentes aos precatórios, que segundo Haddad são os principais responsáveis pela piora das contas públicas.