O que se sabe sobre o atentado sofrido por Miguel Uribe Turbay

O MP confirmou Miguel Uribe Turbay levou dois tiros e confirmam a informação veiculada na imprensa de que o agressor possui 15 anos.

O Ministério Público colombiano confirmou que o autor do atentado neste sábado (7) contra o senador e pré-candidato à presidência Miguel Uribe Turbay é um menor de 15 anos, que foi detido no local do crime com uma pistola. Autoridades também confirmam que o político foi alvejado com dois tiros e que outras pessoas ficaram feridas, já que mais disparos teriam sido efetuados. Além disso, aliados próximos ao senador confirmam que o político “superou com êxito” um processo cirúrgico ocorrido nesta madrugada.

O ataque ocorreu na zona oeste de Bogotá, quando membros do partido direitista Centro Democrático – incluindo Miguel Uribe Turbay – faziam um comício. A legenda faz oposição ao governo do presidente Gustavo Petro.

“O ataque contra o pré-candidato do partido Centro Democrático, que recebeu dois tiros no corpo e no qual outras duas pessoas também ficaram feridas, aconteceu no bairro Modelia, na localidade de Fontibón (…) onde foi detido um menor de 15 anos que portava uma arma de fogo do tipo pistola Glock (9 milímetros)”, informou o MP colombiano.

A procuradoria informou que ativou uma estratégia com “quatro linhas de investigação” e a abertura de dois inquéritos criminais, em coordenação com a Polícia Nacional, para tentar esclarecer o caso, identificar os autores materiais e intelectuais para levá-los à justiça. A prioridade é “a coleta de informações e evidências físicas que permitam estabelecer a verdade sobre o atentado e identificar e levar à justiça tanto os autores materiais quanto os determinantes”.

Por meio de Pedro Sánchez Suárez, ministro da Defesa da Colômbia, o governo local ofereceu uma recompensa milionária por informações sobre o atentado. “Oferecemos até 3 bilhões de pesos (cerca de 3,9 milhões de reais) de recompensa a quem fornecer informações que permitam identificar e capturar os responsáveis. Ordenei às Forças Armadas, à Polícia e aos órgãos de inteligência que mobilizem todos os seus recursos para esclarecer urgentemente os fatos”, afirmou Sánchez, no X.

Em nota publicada neste domingo, o governo brasileiro “condenou firmemente” o atentado. “O governo brasileiro condena firmemente o ataque contra o senador Miguel Uribe Turbay, em Bogotá, na Colômbia, no final da tarde de ontem (7/6). Ao expressar sua solidariedade ao senador e a sua família e desejos de pronta recuperação, o Governo brasileiro manifesta seu mais veemente repúdio a qualquer forma de violência política”.

“O Brasil saúda a pronta detenção do suspeito pelas autoridades colombianas e confia na plena apuração do caso”, diz o comunicado.

Cirurgia foi concluída, mas estado é segue sendo tratado como crítico

Aliados de Uribe, por meio da rede social, confirmaram que o senador foi submetido a uma cirurgia, mas seu estado é tratado como crítico.

“María Claudia Tarazona, esposa de Miguel Uribe, nos informa: ‘Miguel saiu da cirurgia, ele conseguiu’. Agora um grande esforço em sua recuperação”, escreveu na rede social X o deputado Christian Garcés, membro do partido Centro Democrático, o mesmo partido do senador.

A última atualização da Fundação Santa Fé, hospital em Bogotá onde Uribe foi submetido a cirurgia, é de que o político “foi internado em estado crítico” e, na ocasião, estava “passando por procedimentos neurocirúrgicos e vasculares periféricos”.

O hospital confirmou que o senador foi operado na cabeça e na coxa esquerda. Médicos confirmaram que seu estado era “crítico” no momento de entrada na a Fundação Santa Fé.

Outro a comentar sobre o processo cirúrgico foi Carlos Fernando Galán, prefeito de Bogotá, que visitou a Fundação Santa Fé e afirmou aos repórteres que as próximas horas de Uribe serão cruciais.

“O que a clínica já nos informou é uma ótima notícia: que [Miguel Uribe] sobreviveu à intervenção inicial. Estes são momentos e horas cruciais para sua sobrevivência. Devemos pedir a Deus que proteja a vida de Miguel e o ajude a superar esta situação”, disse Galán, cujo pai, Luis Carlos Galán, foi assassinado em um ataque semelhante em 1989, enquanto também disputava a presidência colombiana.

Antes das confirmações dos políticos sobre o resultado do processo cirúrgico, a esposa de Uribe, na rede social do marido, havia declarado que: “Miguel está lutando por sua vida. Peçamos a Deus que guie as mãos dos médicos que o estão tratando. Peço a todos que se juntem a nós em uma corrente de oração pela vida de Miguel”.

Petro presta solidariedade à família de Uribe e diz que Estado tem o dever de proteger o agressor

O presidente colombiano Gustavo Petro, em comunicado divulgado nas redes ainda na noite do último sábado, horas após Uribe ser baleado, prestou solidariedade à família do político opositor. Mas, apear disso, Petro chegou a afirmou que o Estado tem o papel de proteger o agressor, por ser menor de idade.

“O que mais importa hoje é que todos os colombianos devem concentrar a energia de nossos corações para que o doutor Miguel Uribe continue vivo”, disse.

O mandatário criticou “tentativas de uso político” da agressão e afirmou buscas pelo “cérebro” da operação. “Nenhum recurso deve ser poupado, nem um único peso ou um único momento de energia, para encontrar o cérebro [da agressão]… Onde quer que eles vivam, seja na Colômbia ou no exterior”, afirmou, Petro.

“O Estado está a serviço da vida. A primeira responsabilidade do Presidente da Colômbia é proteger a vida de seus opositores. É seu dever respeitá-los, garantir sua sobrevivência e não poupar esforços”.

O presidente também afirmou que o Estado tem o dever de cuidar do agressor de Uribe, por ser menor de idade. “A primeira responsabilidade do Estado e de suas instituições é cuidar da vida da criança porque ela é uma criança. E por mais terrível que nos pareça, as crianças são cuidadas na Colômbia porque, se não cuidarmos das crianças, nem como famílias nem como Estado, então não teremos pátria, não teremos Colômbia. Todos, no fim, inclusive nossos filhos, acabarão assassinados. E o meu dever é com o bem supremo da nação, e o bem supremo da nação, como disse Bolívar, é a paz — não matar.”

O mandatário colombiano viajaria a Nice, na França, onde participaria da Cúpula da ONU sobre os Oceano, entretanto, cancelou “por motivos relacionados ao atentado perpetrado na tarde de hoje contra o senador Miguel Uribe Turbay”.

Rubio culpa “retórica violenta da esquerda” e opositores culpam Petro

O atentado contra a vida de Uribe gerou repercussões dentro e fora da Colômbia. O secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, condenou o atentado ocorrido no sábado em Bogotá e culpou a “retórica violenta da esquerda”. O republicano solicitou ao governo colombiano que “modere a retórica incendiária e proteja os funcionários colombianos”.

“Depois de ter testemunhado em primeira mão o progresso da Colômbia nas últimas décadas para consolidar a segurança e a democracia, não se pode permitir um retorno aos tempos sombrios da violência política”, enfatizou o secretário americano.

A pré-candidata presidencial colombiana Vicky Dávila, que esteve na clínica após o atentado, afirmou que “o primeiro responsável político é o presidente Gustavo Petro”.

“O primeiro responsável político é o presidente Gustavo Petro. Isso mesmo, porque o presidente Gustavo Petro tem promovido um ambiente de violência, um ambiente que está nos trazendo sangue e dor. É isso que está acontecendo hoje, com todos os seus capangas digitais nas redes sociais”, afirmou Vicky Dávila.

Luz Adriana Camargo Garzón, procuradora-geral colombiana, classificou o episódio como um “ataque contra as formas de participação democrática do país” e pediu às instituições apoio para “blindar o processo eleitoral” de 2026 “e dar plenas garantias às campanhas e aos candidatos ao exercício do poder político, como fortaleza da democracia”.

Ex-presidentes também se manifestaram.  Andrés Pastrana, que exerceu o cargo de presidente da Colômbia entre 1998 a 2002, associou também associou o atentado à Petro por “semear o ódio” e “incitar a violência” contra a direita.

Álvaro Uribe, presidente colombiano entre 2002-2010, disse na rede social X que: “Atentaram contra uma esperança da pátria, contra um grande marido, pai, filho, irmão, contra um grande colega de trabalho”, além de expressar “confiança nos médicos, nas Forças Armadas e na Justiça”.

O também ex-presidente Ernesto Samper, que governou de 1994 a 1998, afirmou nas redes sociais que rejeita “da forma mais enfática e veemente o atentado contra Miguel Uribe”. “Não podemos permitir que se tente silenciar vozes e posições políticas por meio da violência”, acrescentou.

Crédito Gazeta do Povo

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