A oposição camaronesa rejeitou o resultado das eleições presidenciais que garantiram mais sete anos de mandato ao presidente Paul Biya, de 92 anos, alegando que o pleito não refletiu a vontade popular em um país já marcado por conflitos separatistas. O Conselho Constitucional confirmou a vitória de Biya com mais de 53% dos votos — decisão definitiva e sem possibilidade de recurso —, o que indica um possível impasse político prolongado.
Issa Tchiroma Bakary, principal adversário de Biya, havia declarado vitória antecipada e afirmou que não aceitaria outro resultado. Seus apoiadores tomaram as ruas de Douala, bloqueando vias e enfrentando a polícia de choque. Os confrontos deixaram pelo menos seis mortos desde o fim de semana, segundo a oposição. Enquanto aliados de Biya comemoravam, a capital econômica do país permanecia em clima de tensão, com presença reforçada de policiais e ruas esvaziadas pela chuva.
A União Europeia expressou “profunda preocupação” com a repressão violenta aos protestos e pediu diálogo nacional. Outras lideranças oposicionistas denunciaram fraude generalizada, acusando o Conselho Constitucional de atuar como “carimbo de uma tirania”. O advogado e ex-candidato Akere Muna citou números de comparecimento “implausíveis” em regiões de conflito como prova de manipulação. Já a candidata Tomaino Ndam Njoya declarou que a eleição representou “a confiscação da escolha do povo”. Moradores de Douala descreveram a reeleição de Biya como uma “vitória roubada”, criticando a falta de progresso após mais de quatro décadas sob o mesmo governo.





