O senador oposicionista Rogério Marinho (PL-RN) pediu ao Tribunal de Contas da União (TCU) que afaste cautelarmente o presidente do IBGE, Márcio Pochmann, que vem sendo alvo de críticas de servidores por uma suposta “gestão temerária” do órgão.
Desde o começo do ano, Pochmann e os funcionários estão em uma crise por conta de decisões consideradas arbitrárias por eles, entre elas a criação de uma fundação de direito privado que teria sido feita “de forma sigilosa e sem consulta”.
“É imperioso que este TCU apure eventuais irregularidades na criação da Fundação IBGE+, com necessidade de suspensão cautelar, diante dos fatos acima apontados, dos atos administrativos que embasaram a criação da Fundação IBGE+ sem autorização legislativa, o que pode comprometer inclusive o trabalho técnico e nas pesquisas realizadas pelo IBGE”, diz o senador na petição.
Marinho aponta, ainda, que Pochmann demonstrou uma suposta “incapacidade de resolver grave impasse com servidores e dirigentes da instituição”, o que, segundo ele, pode “comprometer e contaminar as pesquisas feitas pelo IBGE”.
“Isso porque os dados do IPCA – o principal indicador de inflação no Brasil – podem ser questionados e desacreditados, uma vez que a inflação tem se tornado um problema sério do governo Lula e podem ser alvo de amplo questionamento”, emendou.
Nesta segunda (27), Pochmann recebeu o apoio de entidades de esquerda brasileiras afirmando que ele tem trabalhado em projetos que “possibilitem políticas de inclusão, justiça social e a construção de uma sociedade mais igualitária”.
“As Frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo manifestam sua solidariedade ao presidente do IBGE Márcio Pochmann, diante dos ataques sofridos por funcionários oportunistas e pela imprensa irresponsável. Reconhecemos seu compromisso com a construção das instituições comprometidas com o projeto popular para o Brasil”, diz a nota assinada também pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).
O MST e as frentes de esquerda pontuaram, ainda, que Pochmann é alvo de “motivações oportunistas e corporativas” que “querem interromper” o trabalho feito por ele no IBGE.
A crise no IBGE se tornou mais evidente após dois diretores do órgão entregaram os cargos que, diz o sindicato, decorreram de “decisões arbitrárias da presidência”. No entanto, João Hallak Neto e Elizabeth Hypolito, da Diretoria de Pesquisas (DPE), não expuseram publicamente os motivos da saída das funções.
Segundo o Assibge-Sindicato Nacional, há um “agravamento da crise” no IBGE composta também por outros motivos, entre eles a transferência das diretorias de Pesquisa, Geociências e Informática para um local de difícil acesso no Rio de Janeiro, da região central para o Horto, na Zona Sul.
“A Assibge-Sindicato Nacional, órgão representativo dos servidores do Instituto, vem se posicionando há tempos pela suspensão das medidas em curso e abertura de consulta real aos servidores sobre as questões colocadas. Apenas assim será possível superar a crise enfrentada pelo órgão”, disparou a entidade.
A presidência do IBGE negou as acusações de crise e de “decisões arbitrárias”, afirmando que as medidas adotadas refletem “compromisso com a causa pública e republicana”.