Em audiência no Senado, ministro do Desenvolvimento Agrário tenta responsabilizar governo Bolsonaro por desordem na pasta.
O ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, afirmou, durante participação na Comissão de Agricultura (CRA) do Senado, nesta quarta-feira, 9, que a culpa pela ausência de dados sobre a entrega de títulos fundiários em sua gestão, que já alcançou dois anos, é do governo do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Ele foi indagado pela oposição na Casa Alta sobre a correção de falhas estruturais em assentamentos do país. Parlamentares também perguntaram a Teixeira sobre o aparelhamento do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), por meio de uma suposta associação com entidades criminosas, como o Movimento Sem Terra (MST). Teixeira desconversou.
“O Ministério foi extinto, os recursos foram esvaziados”, respondeu o petista. “Logo, esse diagnóstico que está sendo requisitado precisa ser feito. Mostrei aqui como os recursos estavam em 2022. São dois anos de reparação e reconstrução das políticas que o governo Bolsonaro extinguiu.”
O senador Marcos Rogério (PL-RO) reagiu, ao afirmar que Teixeira respondeu com “desonestidade intelectual”. “O atual governo só consegue olhar o governo passado”, declarou. “Quem mais deu títulos aos assentados da reforma agrária, para a tristeza do governo de vossa excelência, foi o governo do presidente Jair Bolsonaro.”
Incra e MST
A relação do governo Lula com o MST também virou assunto durante a audiência. Das 30 superintendências do Incra, 20 estão sob a influência do grupo invasor de terras.
No ano passado, foram 35 invasões registradas durante o mês de abril — o que representou um avanço de 150%, na comparação com o mesmo período de 2023, com 14 terras invadidas. No “Abril Vermelho” deste ano, o grupo já tomou 23 propriedades em 10 Estados.
Indagado sobre a visão do governo em relação ao grupo invasor, o ministro respondeu que Lula não considera o MST um grupo terrorista.
Paulo Teixeira na farmácia
O ministro também comentou a alta nos preços cobrados por farmácias e supermercados durante o governo Lula. Ele tentou justificar a afirmação do presidente de que, se os preços estão caros, os cidadãos não devem comprar.
O ministro, responsável por formular políticas públicas, optou por incentivar o hábito de comparar preços entre estabelecimentos. O preço da cesta básica é um dos principais motivos para a baixa popularidade do governo petista.
“O presidente Lula falou uma coisa correta, é sempre bom dar uma olhada ao lado”, disse Teixeira. “Consegui comprar um remédio aqui em Brasília, naquela esquina das farmácias, por R$ 40 a menos do que compraria inicialmente.”
O convite feito a Teixeira para comparecer à Comissão foi proposto pelos senadores Zequinha Marinho (Podemos-PA), presidente da CRA, e Marcos Rogério (PL-RO).
Crédito Revista Oeste